Luanda volta hoje a ser palco das conversações de paz para a RDC

O governo da República Democrática do Congo (RDC) vai participar em conversações de paz com o grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda, em Angola, que têm lugar hoje, terça-feira, dia 18, segundo confirmou Tina Salama, porta-voz do presidente congolês, Félix Tshisekedi.

A delegação da República Democrática do Congo para as negociações directas com o M23 já se encontra em Luanda. O M23 também enviou uma delegação a Luanda, informou um porta-voz do movimento, Lawrence Kanyuka, na rede social X, ontem, segunda-feira, dia 17.

Todas as condições estão criadas para o início das negociações directas, conforme programado, segundo informou um comunicado da secretaria da República de Angola.

O conflito no leste da RDC tem vindo a intensificar-se desde Janeiro, quando os rebeldes do M23 tomaram a cidade estratégica de Goma, a que se seguiu a tomada de Bukavu em Fevereiro.

Na semana passada, Angola, na qualidade de mediador, declarou que iria acolher negociações directas entre o governo congolês e o M23, numa tentativa de potenciar um alívio do conflito.

Recorde-se que as negociações entre a RDC e o Ruanda foram inesperadamente canceladas em Dezembro, depois de o Ruanda ter condicionado a assinatura de um acordo de paz a um diálogo directo entre a RDC e os rebeldes do M23, algo que foi recusado por Kinshasa.

“O diálogo com um grupo terrorista como o M23 é uma linha vermelha que nunca iremos ultrapassar”, afirmou Tshisekedi, durante um discurso em meados de Janeiro.

O M23 é um dos cerca de 100 grupos armados que actuam no leste da RDC, uma região rica em minerais. O conflito em curso deu origem a uma das crises humanitárias mais graves do mundo, com mais de 7 milhões de pessoas deslocadas.

A ONU estima que o M23 seja apoiado por cerca de 4.000 soldados ruandeses.

No mês passado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU lançou uma investigação sobre as violações dos direitos humanos que terão sido cometidas por ambas as partes, incluindo alegações de violação e “assassinatos sumários”.

Já o Departamento de Estado dos EUA afirmou, na semana passada, estar disponível para estabelecer uma parceria de exploração mineira na RDC, tendo confirmado o início de discussões preliminares.

No domingo, Tshisekedi reuniu-se com o enviado especial dos EUA para a RDC, Ronny Jackson, para discutir temas de segurança e cooperação económica.

“Queremos trabalhar em conjunto para que as empresas norte-americanas possam investir e operar na RDC e, para isso, temos de assegurar a paz no país”, referiu Jackson em declarações aos jornalistas, após a reunião.

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