ACJ: o combatente ao combate à corrupção

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, continua sem dar mostras de adesão à realidade. Focado em combater o combate à corrupção que João Lourenço encetou e mantém como prioridade, ACJ continua sem estar interessado na promoção de Angola como um país destino de investimento.

Por Egídio Landa

Consciente de que, em Angola, já ninguém o leva a sério, o político, que na campanha eleitoral de Agosto passado prometeu vasculhar o património, as contas bancárias e a vida dos funcionários públicos – ele acha que todos roubam e são corruptos -, ACJ desdobra-se em entrevistas a media estrangeiros, acusando o Governo de nada fazer pelo país e pelos cidadãos que em 2022 – inequivocamente – o elegeram.

Em entrevista publicada hoje no Negócios, ACJ, ignorando o reconhecimento público internacional dos esforços do Executivo de João Lourenço contra a corrupção, ou a favor da criação das autarquias, volta a mostrar não ser um patriota e, sobretudo, que não está preparado para assumir funções governativas em Angola.

Pior: fala da comunidade internacional como se fosse cega – tão cega como ele, que não vê os progressos assinaláveis no ambiente de investimento, por todos reconhecidos.

À pergunta “Acredita que a comunidade internacional podia ter agido de outra maneira em relação às eleições?”, dá uma resposta que, sendo próxima do delírio, insulta os países observadores das eleições, a quem, por outras palavras, chama de incapazes de ver e de interesseiros.

“O que se passou foi que o MPLA não ganhou. Entretanto, no âmbito da materialização dos interesses, acabam por deixar andar e ir silenciando. Mas penso que qualquer coisa mudou. A leitura que tenho é de que esta comunidade acha que a transição tem mesmo de se fazer”.

Ou seja, para ACJ, os governos estrangeiros não passam de uns malandros: calam as graves irregularidades no processo eleitoral, por causa dos seus interesses no país – pior era impossível para quem ambiciona ser PR de Angola e de todos os angolanos.

Na mesma entrevista, acusa o PR João Lourenço de estar “indisponível” para dialogar com a UNITA sobre a governação do país. E diz que o caminho da municipalização escolhido pelo Executivo para dar mais voz às comunidades locais é “uma parvoíce completa, uma idiotice”.

Mais: com a falta de sentido de Estado a que já nos habituou, acusa JLo de ser “o grande incentivador da corrupção”.

Mas há uma notícia relevante na entrevista: admite, finalmente, depois de o ter rejeitado até há pouco, que foi apoiado pelas filhas do antigo Presidente JES na campanha eleitoral. As mesmas que – todos sabemos – acumularam milhões no consulado do pai, recebendo empresas de mão beijada, sem concurso, sem critério, sem transparência.

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