UNITA vai vasculhar o património de todos os funcionários públicos

A UNITA quer transformar o Estado num verdadeiro polícia dos funcionários públicos, prometendo, no seu programa eleitoral que, se ganhar as eleições de 24 de Agosto, todos terão o seu património inventariado – e monitorizado regularmente – pelo Estado. Adalberto da Costa Júnior não confia nos funcionários públicos angolanos, acha que são todos corruptos e gatunos. Mas, na caça ao voto em que tem andado, não deixa de pedir o seu apoio.

Se a UNITA formar Governo, os funcionários públicos que se cuidem: são um dos inimigos eleitos pelo líder do partido que, à falta de melhores ideias, avança, no seu programa eleitoral, com propostas que insultam os servidores públicos, levantando a suspeita sobre todos eles, de Cabinda ao Cunene.

A ideia, explica o programa da UNITA, é na verdade um dos compromissos contidos no programa do Galo Negro, no que diz respeito ao combate à corrupção: “Criar um sistema de monitorização por métodos directos e indirectos do nível de riqueza de servidores públicos”.

Sem explicar que métodos vai usar, o líder da UNITA – o mesmo que contratou espiões e tecnologia israelitas para gerar a maior confusão possível após as eleições – promete que, se for Presidente da Angola, vai “criar uma base de dados que congrega todos as informações sobre o património dos funcionários públicos com a devida justificação incluindo o processo de contra-ordenação”.

Não se entende a que contra-ordenação o líder luso da UNITA se refere, mas devemos temer o pior: o Governo vai usar os meios do Estado (e de israelitas?) para vasculhar o que os funcionários públicos possuem, porque parte do princípio que todos roubaram. Mas mais: depois de feito o inventário, o Estado vai “mensurar periodicamente o património dos servidores públicos”.

Roubar ideias

Mas, como sempre, Adalberto – cujo património ninguém conhece – dá uma no cravo, outra na ferradura, prometendo que irá garantir “que os servidores públicos são remunerados, adequadamente, para as funções que desempenham”. Que simpatia e que generosidade!

Quanto ao resto das medidas contra a corrupção – uma luta para a qual ACJ acordou agora, em plena pré-campanha eleitoral – nada de novo: é a apropriação de medidas em curso, como se fossem ‘suas’ ou novas.

Por exemplo: a UNITA promete, “identificar os principais visados com suspeitas de alta corrupção e criar os mecanismos nacionais e internacionais de os chamar à justiça”, assim como “punir agentes da corrupção que tenham produzido dolo ao Estado”. Onde está a novidade? O que tem feito o Executivo, senão combater a corrupção? Ou ACJ pensa que vai, de um dia para o outro, numa legislatura, acabar com um problema complexo – a corrupção – que nem os países mais desenvolvidos do mundo conseguiram erradicar?

Fica o desafio: ACJ, divulgue o seu património, incluindo os valores em contas bancárias, quer em Angola, quer no exterior. Dê a conhecer aos angolanos, com documentos, tudo o que tem, onde está o seu dinheiro, quais os seus rendimentos, quanto dinheiro tem em Portugal e noutros países.

Tem coragem?

 

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