Presidente de Moçambique apela ao diálogo para revolver conflito pós-eleitoral

Quase um mês depois dos protestos contra a alegada fraude eleitoral em Moçambique, o Presidente do país, Filipe Nyusi, fez, ontem, terça-feira, dia 19, um pronunciamento à nação afirmando: “Vivemos tempos de angústia que nos desafiam como povo e Nação” e assegurou: “Queremos juntos abordar este processo eleitoral que inicialmente foi considerado pacífico e transparente, mesmo reconhecendo alguns ilícitos.”
Mais adiante referiu: “A forma e a linguagem dessas convocatórias para as manifestações foram feitas para desencadear ódio entre nós” e que “se generalizaram as ondas de vandalismo e de destruição de bens públicos.”
Nyusi sublinhou que “o Governo tem de assegurar o direito de manifestações, mas também os direitos de outros cidadãos, como a livre circulação de pessoas e bens.” “O nosso adversário não pode ser convertido num inimigo […], somos todos moçambicanos”, afirmou.
“Também assistimos a apelos para o fim da violência”, congratulou Presidente da República, que fez de seguida um balanço dos protestos: “Ocorreram mais de 200 manifestações marcadas por vandalizações de postes de telefonia móvel e de eletricidade.”
Foram encerrados postos de vacinação, mais de 6.500 crianças adiaram a vacinação, informou o chefe de Estado que recordou a frágil situação do país e alertou: “Espalhar o medo pelas ruas apenas agrava a nossa condição.”
Filipe Nyusi entende que a intenção é fazer retroceder os ganhos passados: “Pretendem ofuscar o trabalho que juntos fizemos ao longo dos anos, mas não se trava o vento com as mãos”, rematou.
Em seguida enumerou as consequências dos danos das greves e dos protestos: “A escassez de produtos que causa a inflação, a quebra de receitas fiscais, o que é desfavorável para as contas públicas. As manifestações acarretam [ainda] uma má percepção em termos de investimentos estrangeiros.”
Governo “aberto” para soluções pacíficas
No que diz respeito aos apelos ao diálogo para ultrapassar a tensão política, Nyusi afirmou: “Vamos a tempo de encontrar formas pacíficas.”
“Não é com egoísmo que podemos resolver esse problema. Queremos que o problema seja resolvido pelos moçambicanos”, disse o Presidente para depois convidar: “Precisamos dos diferentes candidatos presidenciais, do Daniel Chapo, do Venâncio Mondlane e de Ossufo Momade.”
Nyusi convidou os candidatos a um diálogo, afirmando que “todos os problemas podem ser resolvidos através de consensos.” Assinalou ainda “melhorias ligeiras”, mas entende que “onde reina o terror permanece o ódio”.
“O meu Governo está aberto para juntos encontrarmos soluções”, garantiu, para depois desafiar os moçambicanos a trabalharem para o resgate da paz. Agradeceu pelo apoio e encorajamento que diz estar a receber.