Líder da Fatah acusa o Hamas de ter dado pretexto a Israel para iniciar a guerra

A operação militar efectuada unilateralmente pelo Hamas (…) deu a Israel mais pretextos e justificações para atacar a Faixa de Gaza”, disse Mahmoud Abbas, líder da partido Fatah, na cimeira da Liga Árabe em Manama, capital do Bahrein, quarta-feira, dia 15, citado pela agência francesa AFP.

Abbas referia-se ao ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita a 7 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo Israel.

O ataque desencadeou a actual guerra entre Israel e o Hamas, com uma ofensiva militar israelita que matou mais de 35.200 pessoas na Faixa de Gaza, segundo um balanço actualizado hoje, quinta-feira, dia 16, pelo governo do grupo extremista.

O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, quando expulsou do enclave palestiniano o partido Fatah, de Abbas, após conflitos armados entre as duas partes na sequência da vitória do Hamas nas eleições em 2006.

Abbas disse em Manama que a recusa do Hamas em acabar com a divisão interna “serviu o plano de Israel”, antes de 7 de Outubro, para “perpetuar a separação da Faixa de Gaza da Cisjordânia e de Jerusalém.” Serviu também para “impedir a criação de um Estado palestiniano e enfraquecer a Autoridade Palestiniana e a Organização de Libertação da Palestina”, referiu, segundo a agência espanhola Europa Press.

Abbas disse que “a principal prioridade é acabar com a agressão” contra Gaza e levar mais ajuda humanitária para o território, bem como “impedir a deslocação de pessoas de Gaza ou da Cisjordânia.” Defendeu ainda como prioridade “começar imediatamente a implementar a solução de dois Estados”, segundo a agência noticiosa palestiniana Wafa. “Durante mais de sete meses, a guerra genocida de Israel matou dezenas de milhares de crianças, mulheres e homens do nosso povo na Faixa de Gaza”, afirmou.

O líder palestiniano precisou que a ofensiva israelita causou mais de 120.000 mortos e feridos, “a maioria dos quais mulheres e crianças”. Abbas apelou ainda aos países árabes para que “revejam as relações” com Israel e condicionem a sua continuação ao fim da “guerra aberta contra o povo palestiniano”, segundo a agência espanhola EFE.

Na abertura da cimeira, o rei Hamad ben Issa Al Khalifa do Bahrein apelou para a organização de uma conferência internacional para a paz no Médio Oriente. Apelou também para o apoio “ao pleno reconhecimento do Estado da Palestina e à sua adesão às Nações Unidas”.

Convidado para a cimeira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu a guerra na Faixa de Gaza como “uma ferida aberta que ameaça infectar toda a região”.

Guterres reiterou o apelo à “libertação imediata e incondicional de todos os reféns” na posse do Hamas e pediu um cessar-fogo humanitário imediato. “Qualquer ofensiva sobre Rafah é inaceitável”, acrescentou o antigo primeiro-ministro português.

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