“Há anos que sonhamos com esta fase da competição”, refere Pedro Gonçalves

Angola de Pedro Gonçalves contra a Nigéria de José Peseiro. É um duelo entre dois treinadores portugueses no pontapé de arranque dos quartos de final do CAN2023, que decorre na Costa do Marfim.

José Peseiro, um ribatejano de Coruche que é selecionador nigeriano desde 2022, e Pedro Gonçalves, um lisboeta com raízes em Chaves, Trás-os-Montes, extremo norte de Portugal, que orienta os Palancas Negras desde 2018, procuram uma inédita presença nas meias-finais do CAN.

Um conhecedor do futebol angolano

De acordo com um artigo publicado hoje pelo Diário de Notícias (DN) de Lisboa, falar de Pedro Gonçalves é falar da formação do Sporting, pois acompanhou o nascimento da Academia, em Alcochete, e lá esteve durante 16 anos. Entrou como scouting e passou a treinador. Foi campeão nacional 11 vezes , com jogadores como João Mário, Ricardo Pereira, Cédric Soares, Daniel Podence e Eric Dier. Na última geração a seu cargo, antes de rumar a Angola, estiveram Rafael Leão, Thierry Correia, Rúben Vinagre, Miguel Luís e Luís Maximiano, entre outros da chamada geração de 1999, que José Peseiro promoveu quando assumiu o comando do Sporting na fase turbulenta pós-Bruno de Carvalho (2018-19).

O percurso do técnico de 47 anos começou em 2015, no 1.º de Agosto, onde se sagrou campeão nacional antes de entrar nos quadros da Federação Angolana de Futebol em 2018. Primeiro treinou os sub-17, depois os sub-20 e os sub-23, antes de assumir a seleção principal. Falhou o objectivo de levar os Palancas Negras ao Mundial 2022, mas apurou-os para a CAN 2023.

“O regozijo que sinto agora significa anos de muito sacrifício, resiliência e muita capacidade de suportar críticas infundadas, muitas vezes não relacionadas com o trabalho. Foi preciso ser muito persistente e acreditar no trabalho que estávamos a fazer”, contou ao DN, confessando que “o melhor de tudo é ver Angola a identificar-se com a sua seleção, algo que não se via há mais de uma década”. Prova disso é o assédio das maiores empresas do país para os jogadores entrarem em campanhas publicitárias. O Banco Keve, por exemplo, promete oferecer a cada jogador oito milhões de kwanzas (8842 euros). Se é motivador ou desconcertante, o jogo de hoje dirá.

O sonho de estar na final

Ontem, quinta-feira, dia 1, na conferência de imprensa de antevisão do jogo de hoje, os dois, citados pelo jornal A Bola, não pouparam elogios mútuos e não esconderam o sonho de estarem entre os quatro que irão decidir o troféu.

“É um jogo dos quartos de final. Ambas as equipas querem chegar às meias. Será um duelo difícil para o qual levaremos empenho e sacrifício para tentar superar esta grande equipa de Angola, mesmo que não seja um grande nome”, começou por dizer Peseiro, explicando: “Angola não é um grande nome em África, mas joga muito. Não está aqui por sorte. Eles mostraram muita capacidade para chegar aos quartos de final. Até agora, a nossa equipa marcou 5 golos em 4 jogos. E manteremos o nosso estilo: atacaremos com 11 e defenderemos com 11 também.”

Depois foi a vez de Pedro Gonçalves tomar a palavra. “Respeitamos a Nigéria, uma grande nação do futebol africano e que tem uma equipa fortíssima, com jogadores que actuam nas principais ligas europeias, como a Premier League e a Serie A [Itália]”, constatou o técnico português da selecção de Angola, destacando, por fim, a fantástica campanha neste CAN: “Este jogo significa muito para a nossa selecção e para toda a nação angolana, que há anos sonha ver-nos nesta fase da competição. E este jogo é uma oportunidade para mostrarmos o nosso valor. Trabalhámos e demos tudo para chegar até aqui”, concluiu.

O histórico do duelo entre as duas seleções é equilibrado, contabilizando-se sete empates, três vitórias para a Nigéria e duas para Angola, que já não estava numa grande competição desde o CAN de 2010, quando foi anfitriã.

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