Governo marfinense retira dividendos políticos da vitória dos Elefantes no CAN
A Costa do Marfim vive em estado de graça desde domingo à noite quando a selecção de futebol venceu, pela terceira vez na sua história, o CAN. É um triunfo para os jogadores, mas é também um triunfo para o Presidente Alassane Ouattara, cujo governo estava sob pressão para garantir que todas as instalações estivessem prontas a tempo.
Esta segunda-feira, dia 12, prosseguiram as celebrações com um concerto no estádio Félix-Houphouët-Boigny, onde muitos marfinenses se juntaram para expressar a sua alegria por serem campeões africanos. No início da tarde de ontem, os jogadores percorreram as ruas de Abidjan, a capital económica do país, numa caravana para apresentar o troféu.
Os heróis seguiram de pé na parte de trás de um autocarro de caixa aberta. O veículo atravessou lentamente o coração da comuna de Cocody, antes de percorrer a zona sul da cidade. Muitos marfinenses, com bonés e camisolas cor de laranja, acompanham o cortejo. Karène, à RFI, disse que o país “organizou a melhor Taça das Nações Africanas. Estamos muitos orgulhosos. Viemos prestar-lhes homenagem, apoiá-los e acompanhá-los até ao estádio Houphouët-Boigny. Vamos fazer muitas marchas a pé, o que é para nós motivo de grande orgulho.”
Os Elefantes, que tiveram um início de competição muito difícil, venceram o CAN em casa, algo que não acontecia há dezoito anos, desde 2006, no Egipto.
Governo recolhe dividendos
Após a celebração popular de ontem à noite, os Elefantes foram recebidos, hoje, terça-feira, dia 13, pelo Presidente Alassane Ouattara numa homenagem mais formal.
O presidente da Costa do Marfim tinha prometido organizar “a maior Taça das Nações Africanas da história”. O desafio parece ter sido cumprido, não tendo sido registados incidentes de maior. Os marfinenses desfrutam de momentos de comunhão em torno da terceira estrela que agora está pendurada na camisola da selecção nacional.
A classe política congratulou-se unanimemente com esta vitória. Num comunicado de imprensa, o PPA-CI de Laurent Gbagbo saudou “um esforço colectivo e um espírito de patriotismo vibrante”. O líder do PDCI, Tidjane Thiam, afirmou que a vitória era uma “lição de resiliência e determinação”. Tidjane Thiam, líder do PDCI, felicitou as autoridades, e em particular o Presidente Alassane Ouattara, pela organização da CAN.
As autoridades conseguiram, assim, criar uma unidade em torno de uma causa comum, o futebol, eclipsando ao mesmo tempo os debates suscitados no início de Janeiro, na sequência de um relatório do Tribunal de Contas que apontava para problemas nas receitas ligadas à emissão de documentos de identidade.
Esta é mais uma conquista para o campo presidencial nas eleições do próximo ano, uma vez que o CAN sublinhou o estado avançado das infra-estruturas do país.