Rebeldes do Sudão tomam segunda cidade do país
Os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês), tomaram o controlo da segunda maior cidade do Sudão, Nyala, desalojando o exército governamental, após meses de combates, adiantaram várias fontes à BBC.
Uma testemunha ocular disse que os residentes estavam a celebrar porque esperavam que a tomada da cidade significasse o fim da violência. Os hospitais da cidade foram destruídos e diz-se que há corpos espalhados pelas ruas. Os combates obrigaram mais de 670.000 pessoas a fugir das suas casas. Entretanto, o exército ainda não comentou a tomada de Nyala.
Este importante avanço da RSF ocorre numa altura em que as duas partes beligerantes se preparavam para retomar as conversações de paz na Arábia Saudita.
Nyala, capital do estado de Darfur do Sul, é uma cidade estratégica que liga o Sudão à República Centro-Africana (RCA). A RSF teve origem no Darfur e foi acusada de atrocidades contra grupos não árabes da região durante o conflito deste ano. Generais de alta patente do exército, incluindo o chefe das forças armadas em Nyala, foram mortos em combate há algumas semanas.
O segundo-comandante da RSF, Abdulrahim Daglo, que foi sancionado pelos EUA pelo seu alegado papel na limpeza étnica no Darfur Ocidental, foi quem liderou a tomada de Nyala.
Testemunhas oculares relataram que os combatentes da RSF têm estado a pilhar e a invadir casas de civis desde que tomaram a cidade.
A Emergency, uma organização médica que fornece tratamento às vítimas da guerra, afirma que os membros da sua equipa sudanesa foram levados de um centro pediátrico em Nyala e detidos pelas RSF.
Em Junho, as RSF capturaram Um-Dafog, uma pequena cidade na fronteira com a RCA, que se crê ser chave para a sua cadeia de abastecimento.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) foram acusados de fornecer armas às RSF através da RCA e de Um-Dafog, no Chade. O país negou as acusações.