“Mão humana” responsável pela vaga de calor no Sahel

Um estudo publicado ontem, quinta-feira, dia 18, concluiu que a vaga de calor que atingiu o Sahel no início deste mês está relacionada com alterações climáticas “induzidas pelo homem”.

De 1 a 5 de Abril, Mali e Burquina Faso sofreram uma vaga de calor excepcional, tanto em termos de duração como de intensidade, com temperaturas superiores a 45°C que causaram um grande número de mortes nestes países.

As observações dos cientistas e as comparações dos modelos de temperatura “mostram que ondas de calor observadas em Março e Abril de 2024 na região teriam sido impossíveis“ sem um aquecimento global de 1,2°C “de origem humana”, indicou um relatório de cientistas da rede World Weather Attribution (WWA).

O documento revelou que um episódio como o que afectou o Sahel durante cinco dias em Abril só ocorre “uma vez em cada 200 anos.”

As vagas de calor são comuns no Sahel nesta época do ano, mas a vaga de calor de Abril “teria sido 1,4°C mais fria (…) se os seres humanos não tivessem provocado o aquecimento global através da queima de combustíveis fósseis”, afirmaram os autores do relatório. “Estas tendências vão manter-se com o aquecimento futuro”, acrescentaram.

A duração e a gravidade desta vaga de calor conduziram a um aumento do número de mortes e de hospitalizações registadas nestes países, adiantou a WWA, apesar de as populações do Mali e do Burquina Faso “estarem aclimatadas às temperaturas elevadas”.

Embora “seja impossível” contabilizar o número exacto de vítimas devido à falta de dados disponíveis nos países em causa, “é provável que tenham ocorrido centenas, se não milhares, de outras mortes relacionadas com o calor”, afirmou a WWA.

Desde os anos de 1970, os países do Sahel têm sido confrontados com secas, bem como com episódios de precipitação intensa a partir dos anos de 1990. A diminuição da disponibilidade de água e de pastagens, acentuada pelo desenvolvimento das terras agrícolas, perturbou a vida das populações pastoris e favoreceu o aparecimento de grupos armados que se apoderaram de vastas extensões de território no Mali, no Burquina Faso e no Níger.

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