EUA investem mil milhões de dólares para a expansão do Corredor do Lobito

Os Estados Unidos da América aprovaram já, para desembolso imediato, um apoio de mil milhões de dólares a favor da extensão da linha ferroviária e a criação de centros logísticos ao longo do Corredor do Lobito, no quadro da Parceria para o Investimento Global em Infra-estruturas (PIGI).
A nova linha ferroviária Zâmbia – Lobito “Greenfield” será o maior investimento individual dos EUA e da União Europeia (UE) no continente africano nesta última geração.
De acordo com a coordenadora especial interina do PIGI, Helaina R. Matza, o plano tem um prazo de cinco anos e se propõe assegurar que a região Austral possa estar interligada pelos caminhos-de-ferro.
O Corredor do Lobito (Angola) chega até à Zâmbia e República Democrática do Congo (RDC) e pode ligar-se, deste ponto, para o Oceano Índico e cruzar assim a África do Sul e Moçambique.
Este cenário, segundo Helaina R. Matza, é fantástico para o Governo do Presidente Biden, que quer ver em África uma cadeia logística funcional. A mesma deve permitir o transporte de alimentos de uma localidade para outra com o menor custo e em quantidades, facto que o comboio pode assegurar. O Corredor do Lobito oferece esta vantagem e o Governo de Angola também já tem feito inúmeros investimentos para tornar o país num “Hub” ferroviário, o que muito agrada aos norte -americanos, conforme afirmou Helaina R. Metza.
Em relação aos mil milhões de dólares, reporta só ao desembolso disponibilizado pelos Estados Unidos. Todavia, a União Europeia também manifestou adesão à iniciativa e deverá, em breve, anunciar com quanto entra na parceria a favor das infra-estruturas.
Este valor, reforçou, é para o que terá de ser feito na parte que cabe ao território angolano. Para a Zâmbia ou RDC, por exemplo, far-se-ão acordos com os respectivos países.
Por esta razão, nos próximos dias, as partes financiadoras (Estados Unidos e União Europeia) e as beneficiadas (Angola, Zâmbia e RDC) deverão iniciar reuniões de diálogo conjunto para aprimorar a forma mais exequível de concretizar a parceria estratégica.
“A ideia dos EUA com o investimento no Corredor do Lobito é de acelerar o desenvolvimento de infra-estruturas críticas em toda a África Subsahariana e desbloquear o enorme potencial da região”, disse Helaina Matza.
O Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, havia já anunciado este apoio na reunião do G7, o que reiterou, agora, mais recentemente, durante o encontro do G20, realizado na Índia.
Declaração conjunta
Numa declaração conjunta divulgada pela Casa Branca, visando acelerar este trabalho em parceria com os três países africanos, a União Europeia e os Estados Unidos uniram-se para “apoiar o desenvolvimento do Corredor, através do lançamento de estudos de viabilidade para uma nova expansão da linha ferroviária greenfield entre a Zâmbia e Angola”. A nota explica que tal “representa uma evolução poderosa da Parceria para Investimento Global em Infra-estruturas (PIGI), com uma abordagem colaborativa que poderia ser replicada noutros corredores estratégicos em todo o mundo”.
Economistas consideram cruciais apoios para a melhoria da eficiência do Corredor do Lobito
O recente anúncio de disponibilização de apoio financeiro para as infra-estruturas do Corredor do Lobito, na província de Benguela, feito pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que deverá envolver também a União Europeia, deve ser encarado como um sério comprometimento com Angola.
Esta é a perspectiva partilhada pelos economistas Stover Ezequias e Osvaldo Cruz.
Para Stover Ezequias, o facto de os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia manifestarem, no dia 9 de Setembro, à margem do evento da Parceria para o Investimento Global em Infra-estruturas (PIGI), durante o encontro do G20, na Índia, vontade de apoiar o compromisso de Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo (RDC) de desenvolver ainda mais o Corredor do Lobito, é um sinal claro de confiança no país. Já o lançamento de um estudo de viabilidade da linha ferroviária greenfield EUA-UE deve ser um factor impulsionador.
“É um sinal que há foco na estratégia diante do empreendimento que vai facilitar o ambiente de negócios para vários Estados, quer em África, América e Europa”, admitiu o economista. Estamos diante de pronunciamento de potências ocidentais (EUA- UE), o que demonstra a estabilidade na região como factor fundamental e que o Corredor do Lobito pode ser interpretado como um sinal de confiança na viabilidade económica na SADC”, acrescentou.
O economista Osvaldo Cruz entende que o comboio da Rovos Rail, apelidado de “Orgulho de África”, que partiu de Dar-es-Salaam, Tanzânia, com destino ao Lobito em viagem turística para Angola é demostração da vitalidade do Corredor do Lobito.
Disse que com a realização de investimentos desta natureza, será possível transformar o Corredor do Lobito num verdadeiro espaço de desenvolvimento e de integração da economia global. Por esta via, os cerca de 1.300 Kms de extensão permitirá a dinamização da economia e assim contribuir para a criação de novos postos de trabalho, principalmente nas províncias onde o comboio atravessa, tendo Benguela como uma das portas de entrada e saída e o Moxico outra porta de entrada e saída.
Osvaldo Cruz defende que com o real aproveitamento do Corredor, outros sectores das economias de Angola, Zâmbia e RDC sentirão os efeitos, a olhar, por exemplo, para a cadeia logística, zonas de conservação e processamento de produtos agropecuários, fomento do turismo intra-africano, aumento da produção, etc.