Angola é o maior mercado de Portugal entre os PALOP

Angola é, nos últimos 30 anos, o maior mercado dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste para as exportações de Portugal, de onde também absorve uma significativa fatia de investimento directo, de acordo com os dados do banco central daquele país publicados recentemente.

“No conjunto, Angola tem sido consistentemente o maior mercado para as exportações de Portugal (com destaque para máquinas e aparelhos)” e é a principal fonte de importações (combustíveis)”, refere o relatório do Banco de Portugal (BdP) sobre a Evolução das Economias dos PALOP e de Timor-Leste 2022-2023.

A procura de bens portugueses, em Angola, tem-se mantido em torno dos 14 por cento do total nos últimos 20 anos, abaixo do registado no início do período, assinala o documento que também nota a relevância das exportações para São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, se bem que menos significativamente a partir do início da década de 2010.

As importações de bens portugueses em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau representam entre 20 e 60 por cento dos respectivos totais. As exportações de Portugal para o conjunto de países representavam mais de 8,0 por cento do total das exportações em 2009 e, em 2013, as importações por Portugal de bens desses países atingiram um máximo de 4,0 por cento do total.

Em 2001, Portugal chegou a receber 90 por cento das exportações de bens cabo-verdianos e, em 2008, cerca de 50 por cento das de São Tomé e Príncipe, embora, “de um modo geral, Portugal tem sido um mercado pouco significativo para exportações dos restantes países”, acrescenta o documento.

Investimento directo

O investimento directo de Portugal tem-se mantido estável ao longo do período, sendo mais significativo relativamente a Angola e Moçambique, que chegaram ambos a representar 10 por cento do total em 2014 e 1996, com destaque para os sectores da construção, actividades financeiras, de consultoria, científicas e técnicas.

“Os stocks de investimento directo de Portugal têm, contudo, alguma relevância nos PALOP e em Timor-Leste, com os valores relativos aos últimos 10 anos a situarem-se entre 15 e 20 por cento do total do investimento directo estrangeiro em Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e entre 5,0 e 10 por cento em Moçambique e Timor-Leste”, lê-se no documento.

Depois de apontar resultados favoráveis como a redução da taxa de inflação e crescimento do PIB per capita, o BdP alerta para os “desafios estruturantes” que penalizam ainda estas economias, como a diversificação do tecido produtivo, a redução da informalidade, o aumento da bancarização ou a salvaguarda da sustentabilidade da dívida pública.

A estes factores, acrescenta-se a exigência da transição energética e da digitalização ou o aumento da resiliência face a fenómenos meteorológicos extremos.

Salienta que a cooperação internacional “continuará a desempenhar um papel determinante na identificação de novas soluções de financiamento para o desenvolvimento, com a cooperação técnica a destacar-se na contribuição para a capacitação e fortalecimento das instituições”.

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