Zimbabweanos vão hoje às urnas em presidenciais e legislativas

Mais de seis milhões e meio de zimbabweanos estão registados para votar nas eleições presidenciais e legislativas que hoje têm lugar no país. O dia foi declarado feriado para permitir que todos tenham oportunidade de se fazer às urnas.
O actual presidente, Emmerson Mnangagwa, enfrenta 10 candidatos, mas só um, Nelson Chamisa, da Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC, sigla em inglês), a principal força da oposição, tem a possibilidade de impedir a reeleição do “crocodilo”, como lhe chamam os seus apoiantes.
De acordo com o sistema eleitoral do Zimbabwe, um candidato presidencial precisa de mais de 50% dos votos para vencer. Caso contrário, realizar-se-á uma segunda volta dentro de seis semanas, ou seja, a 2 de Outubro.
Uma curiosidade extra é o facto de esta ser a primeira eleição desde a morte de Robert Mugabe, o homem que dominou a política do Zimbabwe e o partido governamental Zanu-PF durante quase quatro décadas. Recorde-se que Mugabe morreu em 2019, quase dois anos depois de ter sido deposto num golpe militar e substituído pelo seu vice, Mnangagwa.
As assembleias de voto abriram às 07h00 horas locais (05h00 GMT). Antes do dia da votação, os funcionários eleitorais estavam a instalar as assembleias de voto na capital, Harare, e a retirar os cartazes de propaganda que se encontravam nas proximidades, fazendo cumprir a legislação eleitoral.
A Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC, sigla em inglês) advertiu as pessoas para não utilizarem verniz ou extensões de unhas no dedo mindinho esquerdo, que será marcado com tinta indelével após a votação. Grupos de monitorização levantaram questões sobre alegadas anomalias nos cadernos eleitorais, afirmando que alguns nomes foram transferidos do seu local de voto habitual para outras zonas. A polícia foi destacada em todo o país para manter a ordem e tranquilidade e o seu número de efectivos foi reforçado por agentes prisionais.
Mnangagwa, que procura um segundo mandato, está empenhado em obter aprovação internacional da votação, para que a dívida externa do Zimbabwe possa ser reestruturada e, potencialmente, abrir novas linhas de crédito congeladas há mais de 20 anos.
O Presidente tem-se esforçado por conter a inflação galopante, que se situava na casa de um dígito no final de 2017. A inflação anual atingiu 176% em Junho e os números divulgados esta semana mostram que desceu para 77,2%, contra 101,3% em Julho.
A Zanu-PF, partido no poder, não apresentou qualquer manifesto eleitoral, afirmando que o trabalho do Presidente fala por si, com um boom na exploração mineira e grandes investimentos em infra-estruturas.
Contudo a oposição diz que as pessoas comuns não beneficiaram, com um em cada quatro zimbabweanos sem trabalho regular. Chamisa adiantou que se vencer a eleição planeia acabar com a moeda local demasiado volátil.
As urnas encerram às 19h00 horas locais (17h00 GMT). Os resultados das presidenciais deverão ser conhecidos dentro de cinco dias.