Frelimo vence eleições em todas as autarquias excepto Beira
Dados divulgados ontem, domingo, dia 15, pelas Comissões Distritais de Eleições (CDE) de Moçambique dão vitória ao partido Frelimo em 64 das 65 autarquias que foram a votos no passado dia 11, nas 6ª eleições autárquicas em Moçambique. Fora da onda vermelha, fica a cidade da Beira, a segunda do país, que renovou o voto de confiança no Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e no seu cabeça de lista Albano Carige.
Com base nestes resultados, a Frelimo reconquista importantes cidades como Nampula, Quelimane, Ilha Moçambique, Nacala-Porto, e ainda os municípios de Angoche, Cuamba, Chiúre, Malema, todos eles nas mãos da Renamo, que fica sem qualquer governação local.
O partido da Perdiz veio, ontem, pela voz do seu líder, Ossufo Momade, dizer que rejeita totalmente os resultados intermédios divulgados pelos órgãos eleitorais, falando de “mega fraude”. Momade disse que ganhou em nove das 65 autarquias, com fundamento na contagem paralela que o partido fez tendo por base os editais do apuramento intermédio. “Ganhámos na cidade de Nampula, na autarquia de Quelimane, em Vilankulo, Angoche, Nacala-a-Porto, Ilha de Moçambique, Matola, Marracuene e Cidade de Maputo”, listou o presidente da Renamo. Ossufo Momade diz que o partido tem evidências para provar que ganhou as eleições e afirma que já avançou com processos na justiça. “Aqueles editais e actas que nós temos são documentos válidos. Não fui eu quem assinou. Nós temos as actas e editais válidos”, disse o líder da Renamo, detalhando que “naquelas cidades e vilas em que os nossos delegados de candidatura foram corridos, através da Polícia da República de Moçambique, já existem reclamações assim como queixas apresentadas aos tribunais locais.”
Momade convocou também uma manifestação nacional para contestar os resultados. “Particularmente aos munícipes das 65 autarquias para uma manifestação geral em repúdio a qualquer manipulação dos resultados. A marcha vai ter lugar no dia 17”, afirmou referindo-se à próxima terça-feira. O presidente da Renamo clarificou, por outro lado, que a manifestação será pacífica, mas alertou que “vai depender do regime. Se o regime quiser ser selvagem, estará tudo nas mãos deles”.
Por sua vez o consórcio eleitoral ‘Mais Integridade’, composto por sete organizações da sociedade civil, em conferência de imprensa já esta manhã, segunda-feira, dia 16, diz ter testemunhado episódios que considerou “abusivos, arrepiantes e vergonhosos que descredibilizam os resultados anunciados pelas autoridades eleitorais.” O ‘Mais Integridade’, que contou com observadores nos 65 municípios que foram a votos, ataca também as autoridades policiais, sublinhando que voltaram a mostrar a sua agressividade e inclinação partidária violando os mais basilares direitos constitucionais, tratando de forma leviana a vida humana.” E termina “As irregularidades groseiras perpetradas por vários actores não precisaram da cumplicidade da escuridão da noite, mas foram executadas de forma consciente deliberada e cúmplice em plena luz do dia, mostrando a quebra generalizada de valores sociais, como o respeito pelo outro, integridade e justiça.”