União Africana apela ao diálogo no Senegal
O presidente da comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, apelou esta segunda-feira, dia 5, ao Senegal para resolver a sua “disputa política por meio de consultas, entendimento e diálogo”, depois que confrontos violentos eclodiram no fim-de-semana devido ao adiamento da eleição presidencial agendadas para este mês.
Num comunicado, Faki pediu às autoridades que “organizem as eleições o mais rápido possível, com transparência, em paz e harmonia nacional”, depois que o Presidente Macky Sall ter anunciado, no sábado, dia 3, que as eleições de 25 de Fevereiro seriam adiadas indefinidamente.
Entretanto, o Parlamento senegalês convocou para hoje uma reunião para analisar o adiamento das presidenciais. Os deputados votarão uma proposta para adiar as eleições por até seis meses.
Agitação nas ruas
A reunião no Parlamento decorre após um dia de confrontos. Ontem, domingo, a polícia lançou gás lacrimogéneo contra centenas de pessoas que se concentravam numa das principais artérias da capital para contestar o adiamento das eleições presidenciais.
Segundo um jornalista da Agência France-Press (AFP) no local, os manifestantes, homens e mulheres de todas as idades envergando a camisola da selecção nacional e agitando bandeiras do país, reuniram-se na rotunda de uma das principais estradas do Senegal a pedido de vários partidos da oposição para mostrar o seu descontentamento pela decisão do Presidente do Senegal, Macky Sall, de adiar as eleições.
A ex-primeira-ministra e actual membro da oposição senegalesa, Aminata Touré, foi detida durante uma manifestação na capital, Dacar.
O Governo ordenou que uma emissora de televisão privada saísse do ar por “incitação à violência” devido a sua cobertura dos protestos, outro sinal da crescente tensão política no país.
Os líderes da oposição usaram o termo “golpe constitucional” para descrever a situação actual no país, que, segundo eles, é um ataque à democracia. A situação também preocupa a comunidade internacional.
O Presidente senegalês, que não se candidata a um novo mandato, garantiu que vai iniciar um “diálogo nacional aberto”, de modo a reunir as condições para que as eleições decorram de forma livre, transparente e inclusiva.
A suspensão eleitoral é motivada por um “conflito aberto no contexto de um alegado caso de corrupção de juízes”, referiu Sall numa declaração televisiva, referindo-se a uma polémica levantada em torno da lista final de candidatos.
O Presidente do Senegal anunciou ainda que a Assembleia Nacional avançou com uma investigação sobre o processo de selecção de candidatos.