UNESCO apela a maior investigação dos oceanos

A partir de hoje, quarta-feira, dia 10, e até sexta-feira mais de 40 oradores internacionais e 100 conferencistas participam na Conferência da Década do Oceano 2024, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sob o lema “A ciência de que precisamos para o oceano que queremos”.

O encontro faz parte de uma iniciativa coordenada pela UNESCO que estabelece 10 desafios a atingir até 2030 relacionados com a sustentabilidade dos oceanos.

Audrey Azoulay, Directora-Geral da UNESCO, lembrou que apenas 15% do fundo do oceano foi mapeado em profundidade e que as missões ao fundo do oceano são insignificantes em comparação com as missões ao espaço. “Muito precisa de ser feito e pode ser feito para estudar e proteger os oceanos. E para isso devemos investir na ciência e continuar com a cooperação internacional”, disse, reconhecendo que tal “é difícil” numa altura de “crise e fragmentação da comunidade internacional”. “Mas se algo nos pode unir são os oceanos”, afirmou Azoulay, alertando que os “mares estão a sufocar” devido ao calor e que todos os anos são atingidas temperaturas recorde. Ameaçados pelo aquecimento global que causa catástrofes naturais e a extinção de espécies, os oceanos exigem “respostas globais”, assinalou.

Na sessão inaugural e na mesma linha, o príncipe do Mónaco, Alberto II, pediu à comunidade internacional para apoiar a ciência, que classificou como a melhor “linguagem comum” para proteger os oceanos. “Devemos mobilizar-nos através da ciência. Só a ciência nos permitirá compreender o que nos traz o futuro, que espécies estão a desaparecer e antecipar”, defendeu Alberto II, lembrando que a investigação oceanográfica é um campo de estudo para o qual o Mónaco tem “orgulho” de contribuir desde a época do seu avô, há mais de 150 anos.

Cabo Verde patrono da Aliança da Década dos Oceanos

Nomeado no ano passado “patrono” da Aliança da Década dos Oceanos pela UNESCO, o Presidente de Cabo Verde interveio igualmente na abertura da conferência, tendo defendido que esta deve representar um incentivo para conseguir compromissos sobre a defesa dos mares. “O desafio ao qual temos de responder é saber se estamos ou não equipados com as respostas adequadas”, observou José Maria Neves. O chefe de Estado deste país de língua oficial portuguesa destacou o papel crucial que os oceanos ocupam em Cabo Verde, onde 7% do mar são áreas protegidas para conservar a biodiversidade marinha. “É a maior riqueza natural do país”, declarou, afirmando que o executivo cabo-verdiano tem promovido a governação sustentável do oceano e a correta manutenção dos recursos marinhos.

José Maria Neves disse esperar que este encontro entre todas as entidades interessadas na governação dos oceanos sirva para “marcar um antes e um depois na jornada para proteger e reforçar os oceanos”.

A conferência, que acontece três anos após o início da Década das Nações Unidas da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), deve contar com cerca de 1.500 participantes e permitir a definição de prioridades conjuntas para o futuro da década, mas também celebrar realizações alcançadas.

A poluição marinha, os ecossistemas, a ligação entre oceano e clima, a economia sustentável dos mares e os sistemas de observação, previsão e alerta precoce são alguns dos temas a discutir na reunião.

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