Última monarquia absoluta de África vai hoje a votos

O reino de ESwatini, a última monarquia absoluta de África, vai hoje, sexta-feira, dia 29 de Setembro, a votos, em eleições legislativas. Apesar dos recentes protestos pró-democracia, estas eleições não deverão mudar o cenário político no país.
Mais de meio milhão de cidadãos estão registadas para votar, nesta nação de 1,2 milhões de habitantes da África Austral, onde as assembleias de voto abrem às 07h00 e encerram às 18h00.
Em causa está a escolha dos 59 membros da câmara baixa do parlamento, que desempenha apenas um papel consultivo junto do monarca, o Rei Mswati III, que detém o poder absoluto.
A Constituição dá ênfase ao “mérito individual” como base para a seleção dos deputados. E, embora permita a liberdade de associação, os grupos da oposição são frequentemente dirigidos a partir do estrangeiro. Os partidos políticos estão banidos do sistema, devendo os candidatos concorrer a título individual. Os candidatos foram nomeados durante os conselhos de aldeia por chefes tradicionais próximos do rei. A maioria é leal ao rei Mswati.
Grande parte das associações da sociedade civil consideram as eleições uma farsa. Os resultados, que a oposição considera um dado adquirido, tendo apelado veementemente ao boicote da votação, deverão ser anunciados dentro de alguns dias.
No poder desde 1986, o Rei Mswati, de 55 anos, está constitucionalmente acima da lei. Nomeia o primeiro-ministro e o gabinete, pode dissolver o parlamento e o governo, e comanda a polícia e o exército. As leis do parlamento precisam do seu selo de aprovação para entrarem em vigor.
Anteriormente designada Suazilândia, ESwatini foi abalada, em 2021, por protestos pró-democracia. Dezenas de pessoas foram mortas quando as forças de segurança reprimiram violentamente as manifestações que exigiam reformas. Dois deputados da oposição eleitos na última votação, em 2018, estão agora na prisão e um terceiro está no exílio.