Sissoco Embaló em visita oficial à China com a cooperação na agenda

O Presidente da Guiné-Bissau inicia, esta quarta-feira, dia 10, uma visita oficial à China, com a cooperação na agenda, sobretudo ao nível de construção de infraestruturas, agricultura e pescas.

A China e a Guiné-Bissau estabeleceram relações diplomáticas em 1974, mas estas foram interrompidas entre 1990 e 1998. Durante esse hiato, o Governo guineense reconheceu a República da China, (Taiwan), como um Estado soberano, facto que irritou a República Popular da China.

Entre as infraestruturas erguidas no país africano com apoio da China estão o edifício da Assembleia Nacional Popular, edifício-sede do Governo, o Palácio da Justiça, o Palácio Presidencial e várias unidades hospitalares.

As estradas Buba, Catió e Quebo, Cacine, uma ponte sobre o Rio Farim ou um “grande centro de conferências” para a presidência da Guiné-Bissau da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), anunciado esta semana pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, antes de embarcar para Pequim, são outras das obras financiadas pela China, também no âmbito da iniciativa chinesa Faixa e Rota.

Os dois países assinaram, em 2021, um memorando de entendimento no âmbito da Faixa e Rota.

Designado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, a Faixa e Rota adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa.

A aproximação entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento das consultas políticas e cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos de circulação monetária, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas comerciais. A Faixa e Rota envolveu também a fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional.

Grandes obras públicas têm financiamento chinês

Num artigo publicado pela imprensa oficial chinesa, o embaixador guineense em Pequim, António Serifo Embaló, destacou a construção da única autoestrada na Guiné-Bissau que liga o aeroporto internacional Osvaldo Vieira à localidade de Safim, obra orçada em 16 milhões de dólares.

“O apoio chinês exemplifica o empenho na implementação da Iniciativa Faixa e Rota (…) e estabelece uma base sólida para o desenvolvimento económico e social da Guiné-Bissau, elevando a relação entre as duas nações”, apontou o diplomata. Serifo Embaló destacou como áreas prioritárias para futura colaboração e desenvolvimento os sectores infraestruturas, transportes, eletricidade, minas, agricultura e cuidados de saúde.

A nível empresarial, o sector das pescas tem sido um importante foco de actividade. Entre as empresas chinesas a operar no país está a Corporação Nacional de Pescas da China. O principal Porto de Pesca Artesanal, em Bissau, orçado em 26 milhões de dólares, foi também construído por um grupo estatal chinês, a título donativo.

O comércio entre os dois países é feito num só sentido: Em 2023, a China exportou cerca de 60 milhões de dólares, sobretudo arroz polido, estações portáteis de comunicação e calçado, enquanto as importações chinesas fixaram-se em cerca de 2.000 dólares, sendo os principais produtos peças de máquinas, segundo dados das alfândegas chinesas.

O programa de Umaro Sissoco Embaló na China inclui encontros com Xi Jinping e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e uma visita à estatal Aluminum Corporation of China, sediada em Pequim. Na quinta-feira, o chefe de Estado guineense viaja para Xangai, “capital” económica do país asiático, onde se vai reunir com representantes do governo local, visitar o Instituto de Pesquisa do grupo tecnológico chinês Huawei e a cidade universitária de Songjiang.

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