Sissi tomou posse para um terceiro mandato à frente do Egipto

No poder há uma década, Al-Sissi “prestou hoje [ontem] juramento sobre a Constituição, nas novas instalações do Parlamento na capital administrativa”, a leste do Cairo, capital do Egipto, referiu o jornal estatal al-Ahram, citado pela agência de notícias France Press.
O chefe de Estado, de 69 anos, iniciará oficialmente este novo mandato, quinta-feira, dia 4, mais de três meses após a sua reeleição, com 89,6% dos votos e contra três candidatos pouco conhecidos da população.
Antigo chefe do exército e ministro da Defesa, Al-Sissi orquestrou, um ano antes da sua ascensão à presidência, a demissão do chefe de Estado islamista Mohamed Morsi, na sequência de enormes manifestações populares. O seu novo mandato, com duração de seis anos, deverá ser o último, de acordo com a Constituição egípcia.
País em crise
O início deste terceiro mandato de Al-Sisi acontece num contexto de uma grave crise económica, marcada por uma enorme inflacção e uma escassez de moeda estrangeira que dificulta o comércio. No primeiro trimestre de 2024, o Egipto beneficiou, no entanto, de um fluxo de vários mil milhões de dólares, incluindo 35 mil milhões de dólares dos Emirados Árabes Unidos e uma extensão de cinco mil milhões de dólares de um empréstimo original de três mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para os apoiantes de Al-Sissi, este fluxo de divisas estrangeiras deverá revitalizar a economia, mas os observadores continuam cépticos em relação a possíveis melhorias sem reformas estruturais destinadas a reduzir o envolvimento do Estado e do exército na economia.
Nova capital
Já a Nova Capital Administrativa (NAC, sigla em inglês), que está em construção desde 2015, fica a cerca de 40 quilómetros a leste do Cairo. O presidente Al-Sisi já prestou juramento no novo Parlamento egípcio, uma gigantesca construção de 110 mil metros quadrados que substituirá o centenário edifício legislativo egípcio no centro do Cairo, inaugurando também o novo escritório presidencial.
“A Nova Capital Administrativa está pronta e apta a receber qualquer evento. A cerimónia de tomada de posse do Presidente Al-Sisi será também uma cerimónia de abertura da primeira fase da capital administrativa”, disse esta semana o director executivo da NAC, Khaled Abbas.
Com um custo inicial estimado em cerca de 50 mil milhões de dólares, a NAC está a ser construída numa área desértica do tamanho de Singapura e esta será a primeira de quatro fases a serem concluídas, após a maioria dos ministérios e agências públicas terem sido transferidas para a nova cidade.
Uma vez concluída, a nova capital deverá receber cerca de 6,5 milhões de pessoas e servir para descongestionar o Cairo, cuja área metropolitana acolhe cerca de 30 milhões dos 106 milhões de habitantes do país.
No entanto, o projecto tem sido duramente criticado pela oposição e pelas organizações não-governamentais (ONG), que recordaram que desde o início dos trabalhos da NAC, a dívida externa do Egipto triplicou, enquanto um terço da população do país está abaixo do limiar da pobreza, segundo dados oficiais.