“Sejam coreógrafos da dança da vida” – Papa Francisco

Uma vida sem crises é uma vida sem sabor. Foi a mensagem transmitida, esta quinta-feira, pelo Papa Francisco aos jovens que o escutavam na Scholas Occurrentes, em Cascais, uma instituição de solidariedade social por si criada quando ainda era bispo na Argentina.

Em diálogo com os jovens sentados diante de si perguntou: “Vocês gostam de beber água destilada? A água destilada não tem sabor. Uma vida sem crises é como a água destilada: não sabe a nada, só serve para guardar no armário e fechar a porta”, disse, soltando gargalhadas aos presentes.

De seguida, uma jovem portuguesa ofereceu ao Papa um pincel, que Francisco utilizou para dar a última pincelada num mural de três quilómetros pintado por mais de três mil pessoas. Nesta obra participaram todas as freguesias do concelho envolvendo toda a comunidade.

O Sumo Pontífice terminou a visita com a oferta de um quadro que representa a parábola do Bom Samaritano. Levantando-se para dar uma lição aos jovens, Francisco disse que “bom samaritano é uma atitude que deve ser para todos.” “O Reino dos Céus é daquele que ajudou o ferido. É daquele que teve compaixão. Em quem se revêm? Naqueles que eram demasiado moralistas e não ajudaram o ferido? Ou no bom samaritano? Pensem, isso ajuda a serenar o coração”, referiu.

Antes disso, Francisco esteve na Universidade Católica, em Lisboa. Foi o primeiro momento em que o papa esteve com peregrinos jovens nesta JMJ e foi lá que fez vários apelos: “desconfiemos de fórmulas pré-fabricadas, desconfiemos de resposta que parecem ser de alcance rápido, respostas sacadas da manga como cartas de um jogo viciado. Desconfiemos dessas respostas que parecem darmos tudo sem pedir nada. Desconfiemos. A desconfiança é uma arma para pudermos caminhar em frente e não andarmos às voltas.”

O papa falou depois sobre o momento actual em que o mundo vive. “Este momento é uma momento histórico. Os desafios são enormes e os gritos são dolorosos. Estamos a viver aos poucos uma terceira guerra mundial, mas corremos o risco de pensar que não estamos em agonia, mas sim num parto, não no final, mas sim no início de um grande espectáculo e falta coragem para pensar assim. Sejam, por isso, protagonistas de uma nova coreografia que coloque a pessoa humana cá dentro. Sejam coreógrafos da dança da vida.”

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