República dominicana encerra fronteiras com o Haiti
O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, esclareceu, no domingo, dia 17 de Setembro, a sua decisão de fechar o tráfego aéreo, marítimo e terrestre com o vizinho Haiti na disputa sobre a construção de um canal que tem como destino um rio que atravessa os dois países.
Num pronunciamento feito na Televisão Nacional, Abinader disse que o encerramento da fronteira, iniciado na sexta-feira, permanecerá em vigor até que a construção do canal, que pretende utilizar a água do rio Massacre para aliviar a seca na planície de Maribaroux, no Haiti, seja interrompida.
“Não desejamos nem procuramos o confronto, mas estamos diante de pessoas que mantêm o Haiti inseguro e que, devido aos seus interesses privados, agora também conspiram contra a estabilidade do seu governo e a segurança dos nossos recursos hídricos”, disse Abinader durante o seu breve discurso, referindo-se à violência das gangues que tem tomado conta do Haiti.
O presidente dominicano, acusou ainda o Haiti de violar um tratado de 1929 entre os dois países, afirmando que o rio Massacre é um recurso fundamental para os agricultores dominicanos e que a construção poderia prejudicar o meio ambiente, incluindo uma zona húmida.
“O precedente de um projeto de irrigação construído unilateralmente pode levar a uma escalada de construções que destruiriam o rio”, disse Abinader.
O rio tem o nome de uma batalha sangrenta entre colonizadores franceses e espanhóis, e foi o local de um assassinato em massa de haitianos pelo exército dominicano em 1937.
O encerramento total da fronteira acontece quatro dias após Abinader anunciar que o seu governo havia cessado de emitir vistos para cidadãos haitianos. Todavia, defendeu ser importante consciencializar a comunidade internacional sobre a necessidade de auxílio ao Haiti, o país mais pobre do continente americano. “Não há solução dominicana para o problema do Haiti”, disse e acrescentou: “Não nos podem pedir mais do que já fazemos.”
Refira-se que, recentemente, o Haiti solicitou ajuda aos Estados Unidos para conter o aumento da violência dos gangues. Este país prometeu apresentar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorizaria a oferta do Quénia para liderar uma força policial multinacional. Contudo, a resolução ainda não foi apresentada nem tampouco foi fornecido qualquer calendário.