Renamo promete paralisar Maputo até que seja reposta verdade eleitoral
O candidato da Renamo, o maior partido da oposição de Moçambique, ao Município de Maputo nas eleições autárquicas de 11 de Outubro de 2023, Venâncio Mondlane, voltou, ontem, terça-feira, dia 28, às ruas de Maputo para repudiar os resultados anunciados pelo Conselho Constitucional (CC), que deram a vitória à Frelimo em 56 autarquias.
Reunido com os seus simpatizantes no Xipamanine, o maior mercado informal de Maputo, Mondlane apelou a uma paralisação geral de dois dias, contra a “fraude eleitoral”. “Sindicatos de professores, sindicatos da função pública, polícias, juízes, médicos, profissionais da saúde, enfermeiros, desempregados, jovens, estudantes, vamos todos combinar paralisar durante dois dias a nossa cidade”, afirmou. Todavia, não avançou as datas para a paralisação.
Venâncio Mondlane prometeu submeter uma queixa-crime contra os sete juízes do CC que validaram as eleições autárquicas. “Sabendo que os documentos que estavam a usar foram falsificados a partir da Comissão Nacional de Eleições (CNE), mesmo assim usaram documentos falsos e anunciaram resultados falsos. Vamos começar com a própria presidente do CC, que deve ir para a cadeia”, disse.
O acórdão do CC reviu os resultados divulgados pela CNE. A Renamo passou de zero para quatro vitórias nas autárquicas. Mas a contagem paralela dos votos efectuada por organizações da Sociedade Civil e pelo partido da perdiz dão vitória à oposição num número considerável de municípios, incluindo Maputo, Matola e Marracuene.
Mondlane não poupou também críticas aos juízes no CC que foram propostos pela Renamo: “Os juízes conselheiros que estavam no CC em nome da Renamo também fizeram o jogo da Frelimo. E são nossos, esses?”, perguntou. Mas não parou por aí. Disse que o CC usurpou poderes dos tribunais distritais ao anular ou mandar repetir as eleições em alguns distritos. “O único poder que o CC tem é de validar as eleições. Ele pode dizer se os processos foram bem feitos ou mal feitos. Mas não tem competência para alterar resultados, de tirar 30 mil ali e dar 30 mil aqui”, salientou.
Já hoje, quarta-feira, dia 29, a Renamo submeteu uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República contra alguns directores do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) por suposta “falsificação e manipulação de resultados.”