Rei Carlos III promete seguir exemplo de Isabel II

Carlos III foi proclamado, este sábado, Rei de Inglaterra, no Palácio de St. James, em Londres, prometendo seguir o exemplo da mãe, Isabel II.

A cerimónia teve início às 10h00 e o monarca foi acompanhado do seu sucessor, William, e da esposa, Camilla.

“É uma grande consolação para mim o carinho que tantos têm vindo a mostrar para comigo e os meus irmãos”, afirmou o monarca, acrescentando que esse apoio e carinho se prolonga por toda a família.

“No que diz respeito a este reino e à família de nações de que faz parte, a minha mãe deu durante toda a sua vida o exemplo de dedicação ao serviço. O reinado da minha mãe foi inigualável na sua duração, dedicação e devoção”, referiu.

Antes de decretar o dia do funeral da Rainha como feriado nacional e proceder às assinaturas da proclamação, o monarca notou que estava consciente do que o esperava desta “herança pesada”. “Irei seguir o exemplo”, garantiu.

“Confirmo também a minha intenção de continuar a tradição de entregar as receitas da herança ao Governo para benefício em troca da concessão soberana que sustenta os meus deveres oficiais como Chefe de Estado e Chefe da Nação”, afirmou num momento mais protocolar.

O monarca agradeceu ainda aos deputados e membros do Governo britânico – que estavam representados pela actual Primeira-Ministra, Liz Truss, assim como quatro ex-Primeiros-Ministros -, mas também a Camilla. “Sou encorajado pelo apoio constante da minha esposa”.

Esta foi a primeira, mas não a última proclamação, já que a cerimónia aconteceu também na Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. A partir das 14h de ontem, os deputados prestaram juramento ao novo Rei, com uma sessão de condolências que se estendeu às 22 horas.

Trombetas e canhões

O Rei Carlos III foi proclamado em público como novo monarca do Reino Unido às 11h00 em ponto, um ritual precedido pelo toque de trombetas na varanda do palácio de St. James, em Londres.

Foi nesse local que o Rei, de armas da Jarreteira, anunciou a Proclamação Principal, redigida no interior do Palácio pelo Conselho de Adesão, um órgão que se reúne com o fim expresso de confirmar o novo soberano do Reino Unido.

A seguir à leitura, uma companhia de guardas reais saudou com três “vivas” o novo Rei, depois de se ouvir o hino do Reino Unido, “God Save the King” (“Deus salve o Rei”), tocada pela banda do regimento dos Guardas de Coldstream, o mais antigo regimento das Forças Armadas britânicas.

Junto à Torre de Londres, soaram salvas de canhão, bem como nas outras capitais do reino, como Edimburgo e Cardiff, onde se lia, igualmente em público, a proclamação em cerimónias semelhantes.

Ao assinar o juramento pelo qual se torna Rei, Carlos III comprometeu-se a “seguir o exemplo inspirador” da sua mãe, manifestando-se “profundamente consciente da grande herança, deveres e pesada responsabilidade” da monarquia.

“Ao tomar estas responsabilidades, lutarei por seguir o exemplo inspirador que me precede, mantendo o Governo constitucional, e procurando a paz, harmonia e prosperidade dos povos destas ilhas”, declarou o novo Rei, citado pela Lusa.

A Rainha Isabel II morreu na quinta-feira, aos 96 anos, no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu a 21 de Abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou. Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assumiu, aos 73 anos, as funções de Rei como Carlos III.

Preparativos para a despedida em Edimburgo

Os preparativos para a chegada do caixão da Rainha Isabel II em Edimburgo, na Escócia, já estavam em curso ontem, com corte de estradas, barreiras nas ruas e polícia reforçada.

Antes de seguir para Londres, onde terá lugar o Funeral de Estado, o corpo da monarca, que morreu aos 96 anos na quinta-feira, será transportado do Castelo de Balmoral para a capital da Escócia.

De acordo com a Lusa, a movimentação do caixão, a partir de Balmoral, é chamada “Operação Unicórnio” e os planos prevêem que primeiro seja transportado de carro para o Palácio de Holyroodhouse, a residência oficial do monarca na Escócia, para a sala do trono.

É neste local que se têm concentrado os tributos dos populares, com ramos de flores, cartões e bonecos de peluche depositados junto a um dos muros.

“Obrigado pela vida de serviço e pelo conforto e consolo durante os tempos difíceis. Obrigado por ser uma verdadeira inspiração”, lia-se num cartão. Noutro estava escrito com letra de criança “Querida rainha, vamos sentir a tua falta”.

Sarah e Jeff Farrar, turistas norte-americanos de visita a Edimburgo, foram uns dos que deixaram um ramo de flores. “Pareceu-me a coisa certa a fazer. A Rainha representa a tradição do Reino Unido e nós temos um grande respeito por ela”, afirmou Sarah, natural de São Francisco, na Califórnia, citada pela Lusa.

Susan Low viajou de Dundee, a 100 quilómetros de Edimburgo, com as amigas Linda e Ruth para prestar uma homenagem à monarca que conheceram desde nova. “Preferimos vir hoje e ver o resto dos procedimentos pela televisão, porque as ruas aqui são estreitas e vão estar cheias de pessoas”, explicou.

Apesar dos preparativos para um grande evento, não existem sinais especiais sobre o que se trata, nem são visíveis muitas imagens da Rainha.

As datas e detalhes finais do plano ainda não foram publicadas pelo Palácio de Buckingham, mas a imprensa britânica indica que o caixão deverá chegar hoje, e amanhã  será levado em procissão para a Catedral de Santo Egídio (Saint Giles).

A distância entre os dois pontos é de apenas cerca de um quilómetro ao longo da estrada conhecida por Milha Real (Royal Mile), na qual foram proibidos todos os caixotes de lixo doméstico.

Uma série de ruas em redor também foram cortadas ao trânsito e algumas escolas e infantários foram mandados encerrar amanhã e terça-feira, devido às multidões que deverão convergir para prestar homenagem à Rainha.

Uma missa deverá ter lugar amanhã na Catedral, após a chegada do corpo com a presença de membros da família real, que depois deverão protagonizar um velório em torno do caixão, designado por “Vigília dos Príncipes”.

O corpo da Rainha ficará em repouso durante 24 horas na Catedral de Santo Egídio e membros do público poderão entrar e contemplar o caixão, antes da partida para Londres.

Entretanto, o Rei Carlos III deverá também deslocar-se a Edimburgo no âmbito da sua proclamação, para receber do Executivo regional uma mensagem oficial de condolências e participar numa missa na Catedral.

 

 

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