Presidente do Quénia e outros três africanos integram lista dos 100 líderes climáticos da ‘Time’
O Presidente do Quénia, William Ruto, foi nomeado pela revista norte-americana ‘Time’ como um dos 100 líderes mais influentes do mundo na promoção da acção climática global. Esta nomeação surge na semana em que liderou um feriado nacional destinado a plantar 100 milhões de árvores num único dia.
Outras personalidades africanas que integraram a listada ‘Time’ foram o Presidente da Câmara da capital da Serra Leoa, Freetown, Yvonne Aki-Sawyerr; o arquiteto burquiname-alemão, Francis Kéré; e o empresário etíope Kidus Asfaw.
A classificação, conhecida como “Time 100 Climate”, e divulgada ontem, quinta-feira, dia 16, é a primeira deste tipo, destinando-se a destacar quem tem chamado a atenção sobre a questão das alterações climáticas em todo o mundo. A revista refere ainda que os homenageados foram escolhidos porque os seus esforços na luta contra as alterações climáticas foram recentes e produziram “realizações mensuráveis e escaláveis”, em vez de “compromissos e anúncios”.
William Ruto tem-se empenhado a chamar a atenção para o impacto das alterações climáticas no Quénia e em África. O feriado de 13 de Novembro, ao qual chamou “festa de plantação de árvores”, fez parte da sua ambição de plantar 15 mil milhões de árvores no Quénia nos próximos 10 anos.
Em Setembro, foi o anfitrião da primeira Cimeira Africana sobre o Clima, realizada em Nairobi, capital do Quénia, que terminou com uma declaração conjunta em que se exigia que os grandes poluidores disponibilizassem mais recursos para ajudar os países mais pobres.
Contudo, alguns ambientalistas têm apelidado Ruto de hipócrita por defender a plantação de árvores e, ao mesmo tempo, não conseguir controlar o abate ilegal de árvores nas florestas quenianas. No mês passado, um tribunal ambiental suspendeu uma diretiva que Ruto tinha dado em Junho para levantar uma proibição de abate de árvores de 2018. Em Outubro, apelou à expulsão das pessoas que viviam na Floresta Mau, com 380 000 hectares.
Embora alguns ambientalistas tenham saudado a medida como fundamental para a proteção da floresta, alguns advogados de direitos humanos afirmaram que o governo expulsou ilegalmente a comunidade indígena Ogiek, que habita a terra há gerações, para lucrar com esquemas de compensação de carbono.
O reconhecimento de Ruto como líder em matéria de acção climática surgiu no momento em que o Banco Mundial alertou para o facto de a produção económica do Quénia poder diminuir 7,25% até 2050, caso o país não consiga fazer face às alterações climáticas.
O arquitecto Francis Kéré foi nomeado pela ‘Time’ pelos seus projectos inovadores de design sustentável, incluindo as casas do Estado no Benin e no seu país de origem, o Burquina Faso. Em 2022, tornou-se o primeiro negro e africano a ganhar o prestigiado Prémio Pritzker de Arquitetura.
Asfaw dirige uma start-up que reutiliza resíduos plásticos em materiais de construção com baixo teor de carbono e a preços acessíveis. A publicação afirmou que a sua start-up oferece “uma solução sustentável e rápida para a escassez de habitação à medida que a população de África cresce”.
O Presidente da Câmara Municipal de Freetown, Aki-Sawyerr, foi incluído na lista por “combater a degradação ambiental e a resiliência climática” através de esforços como o desenvolvimento de um plano de acção climática para Freetown e a nomeação de um responsável pelo aquecimento na cidade, o primeiro na Serra Leoa e em África.