Presidente da República apela ao bom senso no futebol angolano
O Presidente da República, João Lourenço, apelou ao bom senso da Federação Angolana de Futebol (FAF) no tratamento da “situação muito grave”, apesar de reconhecer que se houver agentes prevaricadores estes devem merecer a punição à luz dos regulamentos para que o campeonato e o futebol em Angola não fiquem comprometidos.
Em declarações à imprensa, na província de Malanje, onde cumpre uma visita de trabalho, o Chefe de Estado respondeu a um questionamento sobre as sanções aplicadas pelo Conselho de Disciplina aos clubes Petro de Luanda, Académica do Lobito, Kabuscorp do Palanca e 1º de Agosto.
“Considero que se criou uma situação muito grave, se tivermos em conta que o futebol é, a nível mundial, o desporto das multidões. Evidentemente, em Angola não é diferente. Em Angola, o futebol não é só desporto das multidões, mas é um desporto nacional”, salientou.
Para João Lourenço, “a situação que se criou é grave, porque ameaça não apenas o Campeonato Nacional, mas o próprio futebol angolano em si”.
Face à actual conjuntura, reiterou, “deve haver bom senso e, se houver efectivamente a necessidade de se castigar algum prevaricador, que isso seja feito, mas que nunca ponha em jogo a continuidade do campeonato e muito menos que não mate o futebol angolano”.
O Presidente da República deixou um recado à FAF e aos seus filiados: “Não posso ir mais ao detalhe, porque eu creio que a Federação Angolana de Futebol, as associações provinciais, portanto, que me estão a ouvir, saberão melhor do que eu o que fazer no sentido de salvaguardar apenas duas questões: não comprometer o campeonato e não matar o futebol”.
Histórico
A Federação Angolana de Futebol suspendeu o bicampeão nacional Petro de Luanda de toda a actividade desportiva por dois anos por alegado “não cumprimento do dever de colaboração a que está adstrito com a FAF, no âmbito do processo disciplinar instaurado”.
Em causa está um áudio divulgado nas redes sociais no qual o jogador do Petro de Luanda, Márcio Luvambo, confirma que o clube do eixo-viário pagou 3 milhões de kwanzas à Académica do Lobito para vencer o 1º de Agosto em jogo das meias-finais da Taça de Angola.
O órgão disciplinar da FAF puniu também o Kabuscorp do Palanca com a pena de descida de divisão para o segundo escalão “por corrupção” durante o jogo com o São Salvador do Kongo, válido para a última jornada do grupo A.
Em tabela, o presidente de direcção Bento Kangamba também foi punido com suspensão de quatro anos por corrupção, assim como a secretária-geral da mesma agremiação, Marximina Bernardo, por seis anos de toda a actividade desportiva por corrupção.
A Académica do Lobito foi punida com descida de divisão para o escalão secundário e o treinador Agostinho José Alberto Agostinho “Tramagal”foi suspenso de toda a atividade desportiva por um período de 4 (quatro anos).
O 1º de Agosto foi multado com o valor correspondente a 2.000 UCF (160 mil kwanzas) “por inobservância dos seus deveres para com esta Federação”.
O jornalista Adolfo Manuel, afecto à Rádio Nacional de Angola, é também visado no comunicado da FAF por intermediar “a prática de um acto de corrupção envolvendo os clubes KSCP e Académica Petróleos Clube do Lobito” e a cópias dos autos foram remetidos para as entidades reguladoras da profissão.