PR defende reformas no Conselho de Segurança da ONU
O Presidente da República, João Lourenço, defendeu, em Washington, Estados Unidos da América, reformas no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Ao intervir no Encontro Anual do Eximbank, no quadro da Cimeira de Líderes EUA-África, o Chefe de Estado disse ser a hora de África estar representada nesse fórum decisor da ONU.
De igual modo, referiu que o continente já merece ter representantes no G20, grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.
Do seu ponto de vista, a integração de representantes africanos no G20 seria uma questão de justiça. “Reclamamos não só a presença no G20, mas a reforma do Conselho de Segurança da ONU, onde África não está representada para resolver as questões mundiais”, expressou.
Para João Lourenço, a ausência de África desse grupo económico mundial pode configurar uma situação “discriminatória”, uma vez que a América, Europa e Ásia estão todas representadas.
O Presidente angolano afirmou que o contributo dos Estados africanos no G20 poderia ser útil para ajudar a resolver problemas mundiais candentes, como as crises energética e alimentar.
Ao pronunciar-se sobre a importância económica de África, afirmou que é o “continente do presente”, sublinhando que pode ser o destino de muitas empresas norte-americanas, em particular aquelas interessadas em investir no domínio da energia solar.
O Presidente angolano lembrou que o mundo atravessa, actualmente, duas grandes crises: a energética e a alimentar, em cuja resolução África pode desempenhar um papel preponderante.
Afirmou que os investimentos norte-americanos no domínio da energia solar são muito bem-vindos no continente africano, sublinhando, por outro lado, que a realização da Cimeira de Washington permitirá aos EUA conhecer melhor a realidade dos Estados africanos.
“A partir de agora, os Estados Unidos da América passarão a olhar para o nosso continente com outros olhos”, comentou o estadista, para quem África tem grande potencial para a produzir bens alimentares, como terras aráveis, água em abundância e clima favorável.
Noutro domínio, João Lourenço assegurou que os empresários americanos interessados em investir em Angola terão a garantia do crédito à exportação, concedido pelo Eximbank.
Durante a sua intervenção, falou, igualmente, sobre o impacto da corrupção, tendo sublinhado que o maior problema desse fenômeno é, muitas vezes, a existência de casos de impunidade.
“Quando um Estado é permissivo em relação à corrupção, isso é mau. Noutros Estados também são conhecidos casos de corrupção, mas a grande diferença é que quando são descobertos, os casos vão para a justiça e a justiça tem mãos pesadas para com eles”.
A esse respeito, afirmou que em Angola está a ser levada a cabo uma luta feroz contra a corrupção, cujos resultados considerou satisfatórios.
Questionado sobre a problemática do recurso à dívida junto dos credores internacionais, pelos estados de África, disse ser uma prática constante, mas que representa humilhação.
“Os países recorrem a esse expediente, mas sentem que é uma forma de se humilharem. Nós não queremos continuar a sentir-nos humilhados”, rematou João Lourenço, para quem a Cimeira EUA-África, convocada pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, é um grande ganho.