Organização dos Direitos Humanos condena clima de violência eleitoral no Zimbabwe

Um novo relatório da conceituada organização de Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW), divulgado esta quinta-feira, 03, manifesta grande preocupação com o clima pré-eleitoral que se vive no Zimbabwe, realçando a repressão dos direitos políticos dos cidadãos.

O principal partido da oposição, a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC, sigla em inglês), liderado por Nelson Chamisa, tem tido grande dificuldade em fazer uma “campanha normal” – as eleições estão marcadas para 23 de Agosto – refere o relatório da autoria de Idriss Ali Nassah. Aliás, o título do Relatório, “esmaguem-nos como piolhos” – uma citação que o vice-presidente do país proferiu o ano passado referindo-se à oposição – é bem o espelho do clima de tensão que grassa no país.

“Os direitos civis e políticos, nomeadamente a liberdade política, a liberdade de associação e a liberdade de expressão, são objecto de graves preocupações. As autoridades estão a utilizar o sistema de justiça penal como arma contra a oposição. Isto significa que os opositores políticos têm sido arbitrariamente presos e detidos, ou injustamente processados por diversos motivos. Para além disso, a oposição foi severamente impedida de mobilizar os seus apoiantes e de organizar comícios e reuniões em todo o país durante o período que antecedeu estas eleições”, refere o documento da HRW. E conclui: “Estas violações, muito preocupantes, sugerem que, por enquanto, não estão reunidas as condições necessárias para que o Zimbabwe realize eleições livres, justas e credíveis.”

Embora as violações das liberdades já tenham sido assinaladas durante eleições anteriores, as preocupações reacenderam-se em Julho passado com a adopção de uma lei dita “patriótica” que proíbe as críticas ao país. A Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos está também preocupada com os ataques às mulheres durante a campanha, tanto “online como offline”.

Refira-se que o actual Presidente, Emmerson Mnangagwa, de 80 anos, que chegou ao poder num golpe de Estado em 2017, derrubando o lendário Robert Mugabe, candidata-se à reeleição, sendo o candidato oficial do partido no poder desde a independência, em 1980, a ZANU/PT.

Nelson Chamisa, líder do CCC, advogado e pastor, de 45 anos, é o seu principal adversário. Chamisa lançou a sua campanha “Para Todos” na cidade de Gweru, a cerca de 300 quilómetros da capital, Harare. Nesse discurso de abertura lamentou a falta de desenvolvimento do país, dizendo que há pouco para mostrar depois de 43 anos de democracia. “Tudo o que vemos é pobreza, desemprego e milhões indo para a diáspora”, afirmou perante milhares de apoiantes reunidos num estádio da cidade.

Refira-se que esta é a segunda candidatura de Chamisa à presidência e a primeira sob a bandeira do CCC, lançada no início do ano passado.

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