ONU alerta para os altos níveis de combustíveis fósseis em 2030
Os governos de todo o mundo planeiam produzir mais do dobro da quantidade máxima de combustíveis fósseis até 2030, limite que permitiria manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus, alertou esta quarta-feira, 8 de Novembro, a ONU.
“Os planos dos governos para expandir a produção de combustíveis fósseis estão a prejudicar a transição energética necessária para alcançar zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa, colocando em dúvida o futuro da humanidade”, salientou a directora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, em comunicado.
O PNUMA, com sede em Nairobi, apresentou estes dados na nova edição do Relatório sobre as Lacunas de Produção, produzido em conjunto com o Instituto do Ambiente de Estocolmo (SEI), a organização não governamental Climate Analytics e o E3G (grupo de reflexão sobre as alterações climáticas que tem como objectivo acelerar a transição global para um futuro com baixas emissões de carbono).
O estudo comparou a produção de carvão, petróleo e gás planeada pelos governos com os níveis estabelecidos no Acordo de Paris (2015) para cumprir os limites de aumento da temperatura para evitar efeitos ainda mais devastadores da crise climática.
Os planos de 20 governos analisados no relatório envolvem a produção de cerca de 110% mais combustíveis fósseis até 2030 do que o necessário, para evitar um aquecimento de 1,5 graus, e 69% mais do que um aumento de 2 graus.
Os países analisados incluem alguns dos maiores produtores mundiais de combustíveis fósseis, incluindo Austrália, Brasil, Estados Unidos, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, China, Nigéria, África do Sul, Colômbia e México.
“A maior parte destes governos continua a dar um apoio financeiro e legislativo significativo à produção de combustíveis fósseis”, destacou o PNUMA.
Embora 17 governos se tenham comprometido a atingir emissões líquidas nulas e muitos tenham lançado iniciativas para as reduzir, nenhum deles se comprometeu a reduzir a produção de carvão, petróleo e gás para cumprir os objectivos climáticos.