Número de refugiados no Mundo não para de crescer

A ONU assinala, desde 2000, o dia 20 de Junho, como o Dia Mundial do Refugiado. O objetivo é realçar a coragem, os direitos, as necessidades e a resiliência dos refugiados. Os números, esses, é que não são nada animadores e têm crescido exponencialmente nos últimos anos.

Efectivamente, o número de refugiados mais do que duplicou na última década, passando de 15 milhões em 2011 para 35,3 milhões em Dezembro de 2022. De 2021 para 2022, registou-se um aumento de mais de oito milhões, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Mais de metade (52%) do total de refugiados provém de apenas três países: Síria (6,5 milhões), Ucrânia (5,7 milhões) e Afeganistão (5,7 milhões).

Quando a Convenção sobre os Refugiados foi adoptada, em 1951, na sequência da 2ª Guerra Mundial existiam 2,1 milhões de refugiados. Em 1967, a convenção foi alargada para abranger as deslocações no resto do mundo. A situação dos palestinianos é a deslocação mais prolongada. De 1947 a 1949, pelo menos 750 000 palestinianos foram expulsos pelas forças sionistas, um acontecimento a que os palestinianos chamam Nakba, que significa “catástrofe”.

Em 1980, o número de refugiados registado pela ONU ultrapassou pela primeira vez os 10 milhões. As guerras no Afeganistão e na Etiópia durante a década de 1980 fizeram com que o número de refugiados duplicasse para 20 milhões em 1990.

Nas duas décadas seguintes, o número de refugiados manteve-se relativamente constante. No entanto, a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, em 2001, e do Iraque, em 2003, juntamente com as guerras civis no Sudão do Sul e na Síria, fez com que o número de refugiados ultrapassasse os 30 milhões até ao final de 2021.

Um terço de ucranianos deslocados
A guerra na Ucrânia, que teve início em Fevereiro de 2022, conduziu ao crescimento mais rápido da crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, com 5,7 milhões de pessoas obrigadas a fugir da Ucrânia em menos de um ano. Foram necessários quatro anos para que a Síria atingisse o mesmo nível de deslocação. A somar a este número assustador há ainda outros seis milhões de deslocados internos na Ucrânia.

Actualmente, a Turquia é o país que acolhe a maior população de refugiados do mundo, com cerca de 3,6 milhões de pessoas a procurarem abrigo no país. O Irão acolhe o segundo maior contingente, cerca de 3,4 milhões, seguido da Jordânia, com três milhões. Do número total de refugiados e de pessoas que necessitam de proteção internacional, 76% são acolhidos por Estados com rendimentos baixos e médios e 70% são acolhidos por países vizinhos. “A retórica dominante continua a ser a de que todos os refugiados vão para os países ricos. De facto, isto está errado. É exatamente o contrário”, afirmou o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.

O impacto dos terramotos na Turquia e na Síria
Em Fevereiro último, a Turquia e a Síria sofreram dois terramotos devastadores que provocaram novas deslocações internas de refugiados que tinham fugido da Síria e dos países vizinhos. De acordo com as estimativas do governo, mais de 1,7 milhões de refugiados sírios viviam nas 10 províncias do sul da Turquia devastadas pelos terramotos.

Mais de 110 milhões de deslocados
Para além dos 35 milhões de refugiados, cerca de 75 milhões de pessoas foram também forçadas a abandonar as suas casas, incluindo: 62,5 milhões de pessoas deslocadas internamente; 5,4 milhões de requerentes de asilo; 5,2 milhões de pessoas que necessitam de proteção internacional.

O número total de pessoas deslocadas à força em todo o mundo aumentou para pelo menos 110 milhões, principalmente devido ao conflito que dura há oito semanas no Sudão. Para se ter uma ideia deste este número, se as pessoas deslocadas à força formassem um país, este seria o 14º mais populoso do mundo.

Exposição alusiva em Luanda
O Instituto Camões organiza um evento no Centro Cultural Português em Luanda, Angola, com uma exposição de produtos produzidos por refugiados e a exibição do filme “As Nadadoras”, que conta a história da nadadora olímpica Yusra Mardini que, em 2015, fugiu da Síria com a irmã e atravessou o mar Egeu num bote com dezenas de refugiados para chegar à Europa.

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