Navio de cereais da Ucrânia aporta em Djibuti
O primeiro navio carregado de cereais da Ucrânia para África, desde o início da guerra, atracou esta manhã no porto de Djibuti, na África Oriental. O destino final das 23 mil toneladas de carga transportadas pelo Bravo Comander é a vizinha Etiópia que necessita desesperadamente de ajuda alimentar.
Foi uma viagem de duas semanas desde o sul da Ucrânia até ao Djibuti. Este trigo destina-se a alimentar 1,5 milhões de pessoas na Etiópia durante um mês, mas não é suficiente para um país que enfrenta vários desafios humanitários.
Lembre-se que a Ucrânia e a Rússia chegaram, o mês passado, a um acordo, mediado pela Turquia e pela ONU, para abrir um corredor que permitisse o envio de alimentos.
A Etiópia, juntamente com outros países da região, está a atravessar uma seca prolongada. A acrescentar a este quadro, já por si dramático, a guerra civil continuada na região do Tigré, no norte do país, é responsável por cerca de 20 milhões de pessoas necessitadas de assistência alimentar.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), daqui a uma semana o trigo já estará todo ensacado e em condições de seguir, por estrada, para a Etiópia. Antes da guerra na Ucrânia, três quartos da ajuda alimentar do PAM para a região provinha da Ucrânia e da Rússia. “Precisamos realmente de ver aumentar os carregamentos provenientes da Ucrânia, Rússia e outros em apoio àquilo que é hoje uma situação muito terrível no Corno de África e em toda a região”, afirmou Michael Dunford, o director do PAM para a África Oriental, à BBC. Contudo, recentemente o ressurgimento dos combates entre os soldados do governo etíope e as milícias aliadas Amhara contra as forças independentistas do Tigré deverão dificultar as entregas de ajuda.
Desde Abril, o PAM tem conseguido colocar alimentos, medicamentos e combustível no Tigré, que se encontra sob bloqueio governamental. Mas Dunford adiantou que a organização teve de suspender as entregas na região. “Neste momento, as nossas operações no Tigré estão suspensas, enquanto avaliamos tanto a segurança como a capacidade de chegar à população. É devastador porque há mais de 13 milhões de pessoas nas três regiões [no norte] que foram afectadas e precisam de apoio humanitário”.
Embora este carregamento ofereça algum alívio à Etiópia, o trigo não chegará às lojas e mercados. Mas a ONU espera que aumente a confiança dentro do sector privado, provando que é possível transportar com segurança os stocks do Mar Negro para o continente.