Mortes por cólera a nível mundial aumentam 71%
O número de mortes por cólera registadas no ano passado em todo o mundo aumentou 71% em relação ao ano anterior, atingindo mais de 4.000, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS) esta quinta-feira, dia 5.
O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou o número de mortes causadas por uma doença que descreveu como “evitável e facilmente tratável.”
“Os conflitos, as alterações climáticas, a falta de segurança da água e do saneamento, a pobreza e as deslocações contribuíram para o aumento dos surtos de cólera”, acrescentou.
As pessoas podem contrair cólera através de alimentos ou água contaminados com a bactéria da cólera, que se pode propagar de uma pessoa para o abastecimento de água potável ou para a água utilizada na preparação de alimentos.
Os sintomas da cólera incluem diarreia abundante, vómitos, aumento da sede, cãibras nas pernas e inquietação ou irritabilidade, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA.
O número de casos de cólera também aumentou 13% de 2022 para 2023, disse a OMS, com 38% dos casos relatados entre crianças com menos de 5 anos. No ano passado, a África registou um aumento de 125% nos casos de cólera, enquanto os casos caíram 32% no Médio Oriente e na Ásia, de acordo com o relatório da OMS.
A OMS recolheu as suas estatísticas sobre a cólera em 2023 de 45 países. Quarenta e quatro países apresentaram informações em 2022, enquanto 35 apresentaram os números dos seus países em 2021.
No relatório deste ano, a OMS disse que é a primeira vez que vários países relataram mortes por cólera que não ocorreram em unidades de saúde. As chamadas mortes na comunidade, disse a OMS, são uma indicação de “graves lacunas no acesso ao tratamento e a necessidade de fortalecer esta área de resposta.”
Em 2023, os países que relataram grandes surtos de cólera, suspeitos ou confirmados, incluíram Afeganistão, República Democrática do Congo, Malawi e Somália.
Os dados preliminares para 2024 mostram que os surtos de cólera persistem, com surtos activos registados em 22 países, de acordo com a OMS.
Existe uma vacina contra a cólera, mas é produzida por um fabricante que não tem conseguido satisfazer a procura. O tratamento mais importante para a cólera, de acordo com o CDC, é a terapia de reidratação, destinada a repor os fluidos perdidos através da diarreia e dos vómitos, mas a OMS diz que os seus fornecimentos são baixos.
A OMS disse ter pedido 50 milhões de dólares para a sua resposta à cólera, mas não recebeu o financiamento. Trata-se de uma necessidade que, segundo a OMS, “continua por satisfazer.”