Morreu o realizador português António-Pedro Vasconcelos
Morreu o realizador de cinema português António-Pedro Vasconcelos, confirmou fonte do Ministério da Cultura de Portugal à agência Lusa. Nome incontornável do Cinema Português, Vasconcelos foi responsável por alguns dos filmes de maiores sucessos nas salas portuguesas, acabando também por chegar aos países de língua oficial portuguesa. Contava 84 anos.
Nascido em Leiria, cidade do centro do país, a 10 de Março de 1939, António-Pedro Vasconcelos foi realizador, produtor, crítico e professor. Estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e Filmografia na Universidade de Sorbonne, Paris, cursos que nunca terminou.
De acordo com o site da Academia Portuguesa de Cinema, os seus primeiros filmes, “Perdido por Cem” (1973) (produzido pelo Centro Português de Cinema) e “Oxalá” (1980), foram fortemente influenciados pela Nouvelle Vague. O seu último filme, KM224, retrata como os filhos lidam com o divórcio dos pais.
Para além do cinema, Vasconcelos realizou ainda séries documentais e de ficção para a televisão, como foi o caso da co-produção luso-francesa “Aqui d’El Rei”(1992).
Em 2015, recebeu os Prémios Sophia para Melhor Filme e Melhor Realizador com “Os Gatos Não Têm Vertigens”, em 2017 o Sophia de Melhor Filme por “Amor Impossível”, e em 2017 o de Melhor Realizador por “Parque Mayer” (2017).
Vasconcelos foi ainda um dos fundadores da V.O. Filmes, Opus Filmes e da cooperativa Centro Português de Cinema, que produziu a maior parte dos filmes do Cinema Novo Português.
Foi também professor na Escola de Cinema do Conservatório Nacional e coordenador da licenciatura em Cinema, Televisão e Cinema Publicitário da Universidade Moderna de Lisboa, assim como crítico de literatura e cinema, cronista e comentador televisivo, “com forte intervenção cívica”, como escreveu José Jorge Letria no livro de entrevista com o realizador, “Um cineasta condenado a ser livre” (2016).
O realizador fez ainda uma breve incursão pelo jornalismo, tendo sido director interino do semanário ‘O Independente’, publicação que atingiu grandes tiragens na primeira metade da década de 90.
“Hoje, mais do que nunca, temos a certeza que o nosso A-PV, que tanto lutou para que todos fôssemos mais justos, mais corretos, mais conscientes, sempre tão sérios e dignos como ele, será sempre um Imortal”, escreveu a família em comunicado, citado pela Lusa.