Mercenários da Wagner estão no Burkina Faso

O presidente ganês, Nana Akufo-Addo, afirmou, na quarta-feira (14 de Dezembro), que o seu vizinho, Burkina Faso, tinha “feito um acordo para, tal como o Mali, recorrer às forças mercenárias da Wagner. “Acredito que lhes foi atribuída uma mina no sul do Burkina Faso como forma de pagamento pelos seus serviços”, acrescentou, Nana durante uma reunião nos Estados Unidos com o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, no âmbito da Cimeira EUA-África que decorreu esta semana em Washington.
De acordo com o chefe de Estado ganês, “os mercenários russos estão na fronteira norte do Gana”, classificando esta situação de “particularmente preocupante”. Em resposta a estas declarações, o porta-voz do governo burquiname, Jean-Emmanuel Ouedraogo, citado pela AFP, disse que não iria comentar, deixando a responsabilidade para o seu autor.
De há uns tempos a esta parte, Moscovo está a conduzir uma campanha de influência activa, especialmente nas redes sociais, em alguns países francófonos de África, gozando de um apoio popular crescente, enquanto a França, a antiga potência colonial, tem vindo a reduzir a sua influência. Vários países acusam a junta governante do Mali de utilizar os serviços de Wagner, empresa próxima do regime de Moscovo, mas Bamako nega este facto.
A questão de uma possível aproximação à Rússia também surgiu no Burkina Faso desde o golpe de 30 de Setembro, o segundo em oito meses, que levou o Capitão Ibrahim Traoré ao poder, enquanto o país luta, desde 2015, contra os recorrentes ataques jihadistas que já causaram centenas de vítimas mortais.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro do Burkina Faso, Apollinaire Kyelem de Tembela, encontrou-se em Moscovo com o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros Mikhail Bogdanov para discutir “questões prioritárias de reforço das relações” entre os dois países, de acordo com uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
O Kyelem de Tembela tinha dito, no final de Outubro, que não excluía a possibilidade de reexaminar as “relações” do seu país com a Rússia. “Vamos tentar, tanto quanto possível, diversificar as nossas relações de parceria até encontrarmos a fórmula certa que sirva os interesses do Burkina Faso”, disse em meados de Novembro.
Na quinta-feira à noite, o chefe da diplomacia americana reiterou os seus receios acerca do grupo russo. “Quando a Wagner entra em acção enfraquece os países onde actua, tonando-os menos seguros e mais dependente”, referiu Antony Blinken numa conferência de imprensa no final da cimeira de três dias EUA-África em Washington. “Os nossos parceiros africanos dizem-nos que não querem que os seus recursos sejam explorados, que não querem que os direitos humanos sejam violados, que não querem que a sua governação seja minada, por isso, no fim de contas, eles não querem mesmo Wagner”, acrescentou.