Mbeki alerta para o risco de uma “Primavera Árabe” na África do Sul

O ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki alertou, esta quinta-feira, para o facto de a África do Sul estar sentada numa bomba-relógio, podendo ter de enfrentar uma revolta semelhante à “Primavera Árabe”, em 2011.

Thabo Mbeki, que sucedeu ao ícone anti-apartheid Nelson Mandela, em 1999, disse que a África do Sul enfrenta níveis insustentáveis de pobreza e desemprego.

“Um dos meus receios, camaradas, é que um destes dias tenhamos a nossa própria versão da Primavera Árabe”, disse Thabo Mbeki, numa missa em memória de Jessie Duarte, o secretário-geral adjunto do Congresso Nacional Africano (ANC), que morreu de cancro no fim-de-semana passado.

O gatilho para a “Primavera Árabe” foi o suicídio por autoimolação de um vendedor de rua tunisino, Mohamed Bouazizi, que foi molestado pela polícia na Tunísia. A sua morte marcou o início de uma revolta nacional que levou à fuga para o exílio do ditador Zine el-Abidine Ben Ali e desencadeou as revoltas da “Primavera Árabe” em 2011.

“Não se pode ter tantos desempregados, tantos pobres, tantas pessoas que enfrentam esta ilegalidade”, e líderes “corruptos”, disse ele. “Um dia vai isto vai explodir”, disse o ex-presidente destituído em 2008.

Mbeki criticou o governo do presidente Cyril Ramaphosa por não ter um plano nacional de combate à pobreza, à desigualdade e ao desemprego, que neste momento se situa em 34,5%, enquanto o desemprego juvenil ronda os 64%.

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