Lucros líquidos do sector bancário angolano cresceram 59% em 2024

Os resultados líquidos da banca angolana cresceram 59% no ano passado, para 903 milhões de dólares, impulsionados pelos resultados cambiais e margens financeiras, revelou o estudo Banca em Análise da consultora Deloitte.

O estudo, que foi apresentado ontem, terça-feira, dia 10, na capital, Luanda, sublinha, no entanto, que “caso o Banco Económico fosse excluído desta análise, o crescimento dos resultados líquidos do sector cifrar-se-ia em apenas 1,2%”, em função dos prejuízos avultados que se verificaram em 2023.

A melhoria significativa da situação financeira do Banco Económico, cujo prejuízo passou de 384 milhões de dólares em 2023 para apenas 3,8 milhões de dólares no ano passado, contribuiu para o resultado líquido positivo das mais de 20 instituições bancárias analisadas.

No entanto, persistem as incertezas quanto ao futuro do Banco Económico, uma instituição de importância sistémica que tem em curso a implementação do Plano de Recapitalização e Reestruturação aprovado pelo Banco Nacional de Angola (BNA) no final de 2021. “Os dados financeiros mais recentes não são animadores e estão patentes no estudo, com necessidades de um aumento de capital no montante de 764 milhões de dólares”, refere o documento.

De acordo com um comunicado da Deloitte Angola, a variação dos lucros deveu-se “ao crescimento na margem financeira (+25%) e resultados cambiais (+65%)”, resultando numa variação de 141 milhões de dólares face a 2023, associado a operações cambiais e à venda de divisas. O estudo refere que a margem financeira cresceu 25% no ano passado, totalizando aproximadamente 1,6 mil milhões de dólares.

Os resultados cambiais aumentaram 65%, atingindo 424 milhões de dólares, enquanto os rendimentos de serviços e comissões registaram uma subida de 41%, fixando-se em cerca de 505 milhões de dólares. Os dados indicam também um crescimento moderado dos principais agregados com os activos do sector bancário a crescer 3,3% em 2024 e os depósitos de clientes a aumentar 1,8%.

O crédito a clientes também continuou a ganhar peso, com um crescimento de 2% na estrutura global do activo.

O documento aponta ainda para um ligeiro aumento do número de balcões bancários, que subiram 2% para 1454 em 2024, salientando-se o crescimento notável ao nível dos agentes bancários e de pagamentos, com subidas de 641% e 203%.

A nível de solidez, o rácio de fundos próprios regulamentares registou uma descida de 5,3 pontos percentuais, situando-se em 20,72% no final de 2024, ainda muito acima do mínimo exigido, o que, segundo o estudo, demonstra “a solidez, solvabilidade e estabilidade do sistema financeiro angolano”.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...