Jovens angolanas as mais vulneráveis ao HIV/SIDA
Angola tem apresentado progresso no combate ao HIV/SIDA, mas a cobertura em relação à doença ainda precisa melhorar. A avaliação foi feita recentemente pela directora do Programa Conjunto das Nações Unidas no país – Unaids – Hege Wagan.
A responsável afirmou que os principais desafios do país são as barreiras no acesso aos serviços e o abandono do tratamento. Wagan apresentou os dados do país nas áreas de diagnóstico, tratamento e redução da carga viral. “Quando falamos das metas, em relação à testagem, Angola tem atingido 58% de cobertura. Quando falamos de tratamento, estamos em 46%, nas estimativas. Quanto à carga viral não temos dados, uma vez que a cobertura de tratamento ainda não atingiu os 50%, por isso ainda não temos esse dado.”
Refira-se que as metas internacionais definidas pela Unaids estimulam os países a garantirem que 95% das pessoas infectadas sejam diagnosticadas, que entre estas 95% estejam em tratamento, e que 95% das pessoas tratadas apresentem carga viral indetectável. Isto significa ter uma baixa quantidade de vírus no sangue, condição que proporciona maior qualidade de vida e elimina a possibilidade de transmissão por via sexual.
Hege Wagan afirmou que em Angola, a baixa adesão ao tratamento “tem mais a ver com aspectos sociais e culturais”, pois o país provê tratamento gratuito para todas as pessoas que necessitam.
Foco na prevenção
A directora elogiou o facto de o novo plano estratégico de combate à doença ser “muito mais focalizado na prevenção” do que estratégias anteriores. Além disso, o Fundo Global de Combate à Sida, Tuberculose e Malária incrementou o financiamento para a prevenção em Angola em 2024.
A principal preocupação prende-se com os jovens, especialmente raparigas, que são o grupo mais vulnerável a novas infecções. “Angola tem uma população muito jovem e estima-se em 15 mil, o número de novas infecções anuais. Sabemos que são os jovens entre 15 e 24 anos os mais afectados. E dentro desses jovens, 78% são raparigas e mulheres jovens. De 4 mil novas infecções dentro da idade de 15 a 24, cerca de 3,6 mil incidem em raparigas e mulheres jovens.”
A directora destacou que o trabalho da Unaids aborda essa desigualdade e busca uma “resposta multissetorial” para assegurar investimentos em saúde em geral, educação e empoderamento económico dos jovens e os adolescentes em Angola.
De acordo com a responsável, “15% das angolanas não finalizam o ensino secundário” e isso gera um nível maior de vulnerabilidade social que se reflete nos dados de HIV/Aids.
Para Hege, outro ponto importante na prevenção é o acesso à informação adequada e serviços adaptados e “amigáveis aos jovens”, não apenas nos cuidados de HIV/Aids, mas também em saúde sexual e reprodutiva.