Impasse entre Total e contratadas poderá atrasar reinício do projecto LNG no norte de Moçambique

A retoma do projecto de Gás Natural Liquefeito (LNG, sigla em inglês), avaliado em 20 mil milhões de dólares liderado pela TotalEnergies, localizado na província nortenha de Cabo Delgado, em Moçambique, está a sofrer atrasos devido às divergências entre empreiteiros das empresas contratadas sobre custos extras e a Total, adiantou uma fonte desta última, a semana passada.

O CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, disse aos investidores que as considerações de custo eram agora o último passo antes de reiniciar o Mozambique LNG, uma vez que a situação de segurança se estabilizou. “Precisamos que os contratados sejam razoáveis, alguns deles não estão a ser, tendo tentado beneficiar da situação. Não temos como aceitar alguns custos indevidos. Pagámos o que tínhamos de pagar porque parámos o projecto e temos de recomeçar, não vemos porque devemos pagar mais do que isso. Então é onde estamos”, referiu Pouyanne, visivelmente agastado.

Na semana passada, o presidente Filipe Nyusi disse que a província de Cabo Delgado já se encontrava suficientemente segura para o reinício do projecto, enquanto o grupo de serviços de energia Saipem disse ter sido notificado pela Total para se preparar para um reinício em Julho. A empresa francesa referiu anteriormente que iria esperar por um relatório encomendado sobre a situação humanitária no local antes de tomar uma decisão final com os parceiros do projecto.

Entretanto, um porta-voz da TotalEnergies adiantou que o relatório inicialmente esperado para o fim de Fevereiro ainda está em andamento e recusou-se a dar uma data para sua conclusão.

Inicialmente, estava programado que a primeira carga de gás seria entregue em 2024, mas os fortes ataques de radicais islâmicos em Março de 2021 à vila de Palma, capital do distrito onde se situam o projecto, vieram suspender o mesmo.

Pouyanne disse, na passada quinta-feira, que não estava preocupado com o atraso do projecto e que, até agora, nenhum comprador pré-assinado para receber o gás exerceu o seu direito de retirada.

“Se alguns compradores preferirem retirar-se, estamos prontos para receber mais. Estamos abertos a isso, mas alguns compradores japoneses também estão prontos para receber mais, há algum apetite no mercado, o projecto está bem localizado directamente no Oceano Índico”, adiantou o CEO.

O projecto liderado pela TotalEnergies, localizado na península e Afungi, espera obter receitas de 60 mil milhões de USD. O Estado moçambicano espera arrecadar 15 mil milhões. Os outros accionistas da Mozambique LNG são a moçambicana ENH, a japonesa Mitsui & Co., a tailandesa PTTEP e as empresas indianas ONGC Videsh, Bharat Petroleum e Oil India Ltd.

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