Guiné-Equatorial e PP espanhol em rota de colisão
O Governo da Guiné-Equatorial repudiou uma petição do Partido Popular (PP) de Espanha que exige à liderança espanhola que apoie a oposição democrática do país africano e condene o regime de Obiang, no poder desde 1979.
“É uma expressão clara da diplomacia hostil que o Partido Popular espanhol tem vindo a desenvolver em relação à Guiné-Equatorial, dentro ou fora do Governo de Espanha, e um estímulo à continuidade e ao reforço da ingerência nos assuntos internos do nosso país por parte dos órgãos do Estado espanhol”, afirmou no domingo, dia 16, em comunicado, o gabinete de Informação e Comunicação Diplomática da Guiné-Equatorial.
“A existência da oposição não requer qualquer acção estrangeira para procurar visibilidade, como sugere o Partido Popular espanhol”, acrescentou. O gabinete acusou ainda o PP de tentar apoiar “fugitivos da justiça equato-guineense condenados pelo envolvimento directo em crimes graves de rebelião, terrorismo ou o seu financiamento, com o objectivo de desestabilizar a Guiné-Equatorial através de meios anticonstitucionais.”
Além disso, o comunicado garante que o golpe de Estado falhado de 2004 “foi organizado em Espanha com o apoio e o financiamento, entre outros, do Governo espanhol presidido na altura por José María Aznar, simultaneamente presidente do Partido Popular.”
De acordo com a agência de notícias EFE, a Guiné-Equatorial é considerada pelas organizações de defesa dos direitos humanos um dos países mais corruptos e repressivos do mundo.
Teodoro Obiang, de 81 anos, governa o país com mão de ferro desde 1979, altura em que derrubou o tio Francisco Macías num golpe de Estado, sendo o Presidente há mais tempo no poder no mundo.
A Audiência Nacional de Espanha, tribunal com jurisdição em todo o território espanhol, apoia a continuação dos processos pendentes na investigação de um filho do Presidente da Guiné-Equatorial e de dois membros do Governo pelo alegado sequestro e tortura de quatro opositores em Novembro de 2019.