Graves violações dos Direitos Humanos na RDC preocupam ONU

A representante especial da ONU na República Democrática do Congo (RDC) manifestou esta terça-feira, dia 20, uma “profunda preocupação” com as “graves violações” de direitos humanos e do direito humanitário internacional em áreas sob o controlo do Movimento 23 de Março (M23).
Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a situação na RDC, Bintou Keita indicou que o M23 tem como alvo membros da sociedade civil, especialmente defensores dos direitos humanos e jornalistas.
“O número de violações de direitos humanos cometidas pelo M23 continua a aumentar, com pelo menos 150 civis mortos desde o reinício das hostilidades em Novembro de 2023 (…). Além disso, o M23 continua a coagir os deslocados internos a regressar às aldeias em áreas sob o seu controlo, protegendo-se e armazenando munições em habitações civis, além de padrões documentados de recrutamentos forçados, incluindo o recrutamento e utilização de crianças nos territórios de Masisi e Rutshuru”, denunciou Keita.
A representante da ONU, que lidera também a Missão de Estabilização das Nações Unidas na RDC (MONUSCO), descreveu como a “situação está profundamente preocupante” em torno de Sake e Goma, na província de Kivu do Norte, onde as hostilidades entre o M23 e as Forças Congolesas (FARDC) aumentaram dramaticamente desde o fim do cessar-fogo, em 28 de Dezembro.
“Os combates agravaram ainda mais uma situação humanitária já terrível. (…) As condições nos locais de deslocamento, severamente sobrelotados, em Goma e arredores são desesperadoras. Mais de 400 mil pessoas deslocadas procuraram agora refúgio na cidade, incluindo 65 mil nas últimas duas semanas, desencadeando um aumento dramático nos casos de cólera devido à falta de água potável, higiene adequada e saneamento”, afirmou Bintou Keita.
Além disso, o acesso restrito aos territórios controlados pelo M23 está a isolar Goma dos territórios do interior e a perturbar a produção de alimentos e as cadeias de abastecimento.
De acordo com a líder da MONUSCO, a redistribuição das FARDC exacerbou o vazio de segurança noutros territórios do Kivu do Norte, nomeadamente em Beni, Lubero e Walikale, e atraiu novos combatentes, nomeadamente do Kivu do Sul.