Contagem decrescente para a gala mais importante da música angolana
Faltam dois dias para o país conhecer o vencedor do Top dos Mais Queridos, edição 2023, a ser anunciado na gala de consagração esta sexta-feira, na Tenda do Centro de Conferências de Belas, em Luanda.
Aníbal da Costa, porta-voz da organização, reiterou que todas as condições estão criadas para o momento final do concurso, que considera ser o mais importante da música nacional.
São esperados perto de 3000 espectadores para a noite do desfile dos concorrentes das 18 províncias do país e do homenageado, com o suporte instrumental da Banda Movimento e a coreografia de um grupo de bailados.
Está agendado um after-party depois do concerto e os ingressos de acesso estão a ser comercializados na Portaria da Rádio Nacional de Angola a 10.000 kwanzas.
Esta terça-feira, durante uma passagem nos ensaios que estão a decorrer no auditório Rui Duarte de Carvalho, Aníbal da Costa falou do processo que culminará com a eleição do Mais Querido entre os artistas em representação das 18 províncias do país, que concorrem nesta edição em que Sam Mangwana é o homenageado, no concurso promovido pela Radiodifusão Nacional de Angola.
“Estamos na contagem decrescente e chamamos a atenção que a data mais importante da canção angolana está a chegar, com o Top dos Mais Queridos, o concurso mais importante da música angolana. Estamos desde Abril e o balanço é positivo, porque já faz parte da nossa rotina, mas sempre é um desafio da exaltação da música e cultura angolanas”.
Aníbal da Costa defende que este desafio tem sido o contributo anual do grupo RNA. “A história já demonstrou que estamos capacitados para avançar com desafios desta natureza e então já se tornou um habitué na Rádio Nacional de Angola. Há vários anos que, além das actividades diárias dos jornalistas, técnicos e pessoal administrativo, temos também este desafio que é o da exaltação da cultura nacional. Estamos aqui no exercício de contribuição aos grandes valores musicais e culturais que Angola tem”.
Como exemplo deu os temas gravados em todo o país para o Top dos Mais Queridos. “Tivemos um registo de 1500 músicas só neste concurso e grande parte tem sido tocada na Rádio Cultura e outras estações do grupo RNA e este é um ganho e mais um contributo nesta edição. E as 18 músicas continuarão a tocar depois da final, assim como os artistas ficarão mais expostos”.
“Estamos numa fase de inovação, a seguir em frente e a evoluir para melhor, a experiência que temos desde que acompanhámos este exercício é de um movimento cultural que efectivamente engaja toda a população. Mesmo aqueles que só ouvem, os que votam e os fãs que vão atrás, portanto, há um engajamento quase nacional e agora global em volta deste Top dos Mais Queridos”.
Quanto às percentagens do escrutínio, o nosso interlocutor optou por falar das formas de votação que são por Internet, SMS e nos programas de entretenimento emitidos nos canais do grupo. “A Internet é o meio mais usado, principalmente nas grandes cidades como Luanda, Huambo, Benguela e Huíla, nas mais pequenas participam nos programas de entretenimento e enviam mensagens, mas também temos votos do exterior pela internet”.
Aníbal Costa recordou uma parceria antiga, lembrando a altura em que os cupões de votos eram publicados no Jornal de Angola e “eram muito procurados, mas estamos a avançar para as novas tecnologias. As pessoas têm a possibilidade de votar mais do que uma vez, mas não no mesmo dia, porque o sistema identifica o IP e fica bloqueado para estas 24 horas. É a mais viável no momento e depois as estatísticas são melhor organizadas quando se tem este sistema, que foi desenvolvido por técnicos da Rádio Nacional”.
O Top dos Mais Queridos não está isento de polémicas e o caso da popularidade do Dj Loló, autor do sucesso “Liamba”, serviu como exemplo. “Estas polémicas nos fazem crescer, nos fazem transportar a nossa imaginação e a criatividade para outros patamares, mas esta questão de Benguela não foi da Rádio nem dos jornalistas locais, mas da escolha popular, porque a música pode ser popular, tocar em todas as festas, mas se os ouvintes que são os decisores principais não votarem, a música não passa e não é vencedora. Portanto, o Arsénio Cândido venceu porque os ouvintes votaram mais nele, apesar da música do DJ Loló ser muito popular e este é o critério da Rádio Nacional de Angola que não escolhe, mas sim obrigatoriamente do ouvinte que vota”.
Outra questão por nós levantada foi em relação a Matias Damásio, o representante de Luanda, a principal montra e centro de concentração dos artistas nacionais. “O que acontece é que há muitos músicos que, apesar de não estarem a viver habitualmente em Luanda, em algum momento tiveram a sua residência aqui e o regulamento permite que estes que estejam nesta posição possam participar. O Matias Damásio foi o artista mais votado no Top dos Mais Queridos de Luanda”.
Respondendo a uma inquietação levantada em relação ao autor de “Magui”, Aníbal Costa continuou dizendo que “apesar dele não estar a viver habitualmente em Luanda, a base da sua residência é em Luanda, de onde sai para passar uma temporada fora, que é intermitente e não é permanente. Senão, teríamos Matias Damásio residente em Portugal, que não é o caso, porque ele está muitas vezes em Luanda, apesar dele ter nascido em Benguela. Portanto, estes tipos de polémicas são importantes e nós vamos procurar refinar todas estas dúvidas que vão surgindo à volta destes grandes eventos”.
Os artistas, esclareceu, podem também optar pela província de nascimento ou de residência habitual para concorrer, pois “um músico de outra província que esteja a viver em Luanda pode concorrer pela província de origem”, disse, acrescentando que “nós fizemos cerca de 22 encontros onde se discutiu este novo formato e chegamos a estas conclusões”.
O carácter mais nacional do concurso é um dos grandes ganhos deste formato, de acordo com o porta-voz da organização. “No formato anterior corríamos o risco de falhar e a maior parte dos cantores vivia em Luanda”.
O porta-voz respondeu a críticas de artistas consagrados que dizem que os concorrentes são desconhecidos, afirmando que “a Rádio Nacional não olha para artistas do ponto de vista individual. Nós estamos para a cultura nacional e houve um tempo que estes artistas também não eram conhecidos e ninguém sabia onde eles estavam. Em algum momento das nossas vidas somos desconhecidos e depois passamos a ser conhecidos, por isso a RNA olha os candidatos do mesmo modo. O Mais Querido será o mais votado pela população e nós respeitamos o percurso artístico de todos os concorrentes”.
Aníbal Costa justificou a homenagem a Sam Mangwana. “Quando a organização apresentou nomes de possíveis homenageados ao olharmos para os critérios, a decisão foi unânime, porque é um gigante da música nacional e africana. Sam Mangwana faz 60 anos de carreira, que arrancou no dia 10 de Outubro de 1963. É uma figura de um tempo que Angola não era independente, mas por via das suas intervenções, enquanto artista também lutou e fez a sua parte. Quero lembrar que quando criança eu já ouvia Sam Mangwana, através de uma cassete amarela no rádio gravador do meu pai e assim eu cresci a ouvir e hoje estou a partilhar momentos com este gigante da música” universal.