Comissária da União Africana defende mais investimento para a agricultura
A Comissária da União Africana para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, considerou, ontem, em Addis Abeba, Etiópia, que o principal estrangulador do desenvolvimento da agricultura no continente é a falta de investimento adequado por parte dos Estados Membros, para implementar os planos nacionais no sector.
A diplomata manifestou o posicionamento na abertura da 5.ª Sessão Ordinária do Comité Técnico Especializado (CTE), sobre agricultura, desenvolvimento rural, água, ambiente, que termina hoje.
De acordo com um comunicado,Josefa Sacko reconheu que apesar dos tempos difíceis, foi possível alcançar muitos resultados em conjunto mediante as recomendações anteriores.
“Infelizmente, o principal destaque do relatório é que não estamos nem perto de alcançar os objectivos de Malabo. Esta constatação poderá desiludi-los e, na verdade, a todos os povos de África. A minha perceção pessoal da principal causa do desafio é que poucos Estados Membros afectaram recursos adequados para implementar os seus planos nacionais da agricultura”, destacou.
Conforme o documento, a comissária da UA fez saber neste particular que factores externos, como as tendências mundiais, incluindo a COVID-19 e a subida dos preços dos produtos de base estratégicos, os efeitos das alterações climáticas e a instabilidade política que tem consumido muitas partes do continente, são responsáveis pelo fraco desempenho na agricultura e noutros sectores económicos e sociais.
“Conseguimos muito, apesar do que se tornou um desafio perene de falta de pessoal profissional para as diferentes actividades especializadas, especialmente na categoria de pessoal regular, pois, dependemos em grande medida de pessoal a curto prazo e destacado, bem como de consultores, graças aos nossos parceiros”, realçou.
Perante o cenário, avançou, está a decorrer um processo de planeamento pós-Malabo que já começou com consultas às comunidades económicas regionais para sua análise, orientação e aprovação.
Segundo Josefa Sacko, em véspera do fim da declaração de Malabo, os Estados Membros estão longe de ter cumprido os sete compromissos referentes ao programa compreensivo de desenvolvimento da agricultura de África, o que provoca uma intervenção robusta sobre o que poderá ser feito para apoiar os países a manterem o rumo do seu desempenho agrícola e criar uma solução baseada em provas, da qual se vão tirar lições que vão permitir construir uma agenda forte Pós-Malabo.
Para a comissária da UA, o objectivo global continua a ser o de contribuir para o reforço da transformação do sistema agroalimentar, do crescimento sustentável, da redução da pobreza, da economia azul, das acções relativas às alterações climáticas e do investimento nos povos africanos.
A agenda da Declaração Pós-Malabo, frisou, será orientada pelas ambições globais da União Africana, como a Agenda 2063, bem como pela visão do Programa Abrangente para o Desenvolvimento Agrícola em África, de revitalizar o crescimento agrícola, a segurança alimentar e o desenvolvimento rural em África.
O objectivo da Agenda Pós-Malabo é desencadear uma acção “invulgar” que estimule a implementação de intervenções com resultados baseados num plano de acção sectorial de dez anos (2026-2036).