Candidatos queimam últimos cartuchos da campanha eleitoral para as presidenciais no Senegal

Após muito contestado adiamento, que gerou graves manifestações sociais, os eleitores senegaleses são chamados às urnas no próximo domingo, dia 24, para escolher o novo Presidente do país. A campanha eleitoral está ao rubro com comícios, desfiles de automóveis e campanhas porta-a-porta. Os 19 candidatos tiveram pouco mais de duas semanas para convencer os mais de sete milhões de eleitores registados.

Estas serão as primeiras eleições durante o período do Ramadão no Senegal, país maioritariamente muçulmano. Iman Ndiaye, imã de uma mesquita na capital, Dacar, defende que o mês sagrado deve ser respeitado no dia das eleições. “Não devem quebrar o jejum e passar o dia em caravanas a insultar as pessoas, lançar insultos ou a fazer coisas que ponham em causa a paz social e a estabilidade do país”, defendeu o líder religioso, citado pela Deutsche Welle (DW).

No entanto, o especialista eleitoral El Hadji Saidou Nourou Dia acredita que conseguir grande afluência às urnas será um desafio no contexto do Ramadão. “Mas se cada senegalês estiver realmente motivado pelo desejo de contribuir para o desenvolvimento do país, o jejum não deve ser um obstáculo para ir votar, porque cada um de nós deve ser responsável pelo presidente que vamos eleger”, referiu.

Os principais candidatos

Entre os candidatos mais cotados encontra-se Amadou Ba, escolhido a dedo pelo ainda Presidente Macky Sall. O político, de 62 anos, que abandonou o cargo de primeiro-ministro para fazer campanha para a presidência, candidata-se com o lema “Prosperidade Partilhada”.

Também Bassirou Diomaye Faye promete “dar luta” nestas eleições. O inspector fiscal de 49 anos era relativamente desconhecido até ser apoiado por Ousmane Sonko – o principal líder da oposição –, que foi impedido de concorrer devido a uma condenação por difamação. O apoio de Sonko é um sinal de esperança, uma vez que o político da oposição é muito popular entre os jovens frustrados com a falta de emprego.

Entre os 19 candidatos estão ainda o antigo primeiro-ministro Idrissa Seck, que ficou em segundo lugar em 2019, Khalifa Sall, por duas vezes presidente do Município de Dacar, e a empresária Anta Babacar Ngom, de 40 anos, a única mulher a concorrer.

Crise política

O Senegal tem realizado eleições regulares desde que se tornou independente da França, em 1960, e nunca sofreu um golpe de Estado. O país tem sido visto como um exemplo de democracia e estabilidade na região. Todavia, muito recentemente, o país mergulhou numa crise política quando o Presidente cessante Macky Sall decidiu adiar as eleições apenas oito horas antes do início da campanha, dando origem a violentos protestos de rua e detenções.

“O desafio das eleições presidenciais será a realização de um escrutínio pacífico, honesto e transparente que respeite o calendário eleitoral”, alerta o director executivo da Plataforma dos Actores da Sociedade Civil para a Transparência das Eleições no Senegal, Djibril Gningue.

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