Candidato populista vence eleições argentinas
O candidato populista Javier Milei, que se intitula anarco-capitalista, venceu a segunda volta das presidenciais na Argentina com uma diferença de mais de 10% em relação ao adversário, Sergio Massa. Os resultados oficiais ainda não foram confirmados, mas os números apontam para uma vitória de 56% contra 44%, respectivamente. O rival, o candidato peronista, Sergio Massa, já reconheceu a derrota. A sua candidatura foi prejudicada pela pior crise económica do país em duas décadas, que coincidiu com o seu mandato.
Na hora da vitória Milei prometeu reconstruir o país e, diz ele, pôr fim à decadência na Argentina. “Quero dizer a todos os argentinos que hoje inicia-se o fim da decadência da Argentina. Hoje, termina o modelo empobrecedor do Estado omnipresente que só beneficia alguns, mas a grande maioria dos argentinos sofre. Hoje, retomamos o caminho que sobra deste país. Hoje, voltamos a abraçar as ideias da liberdade”, referiu emocionado no discurso da vitória.
Sergio Massa felicitou o adversário pela vitória. “Obviamente que o resultado não foi o que esperávamos. Já telefonei a Milei desejando-lhe sorte porque ele é o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para governar os próximos quatro anos.”
Muitos argentinos, que não ficaram convencidos com nenhum dos candidatos à presidência, caracterizaram a votação como uma escolha do “mal menor”: por um lado, o medo da dolorosa medicina económica de Milei, por outro a raiva de Massa e do seu partido por causa de uma crise económica que deixou a Argentina profundamente endividada.
Milei tem sido particularmente popular entre os jovens que cresceram vendo o seu país mergulhar de uma crise para outra. O novo Presidente argentino é firmemente contra o aborto, favorável a leis mais flexíveis sobre armas e chamou o Papa Francisco argentino de “filho da mãe socialista”. Costumava transportar uma motosserra como símbolo dos seus cortes planeados, mas deixou de o fazer nas últimas semanas para ajudar a promover uma imagem mais moderada.
Depois da votação da primeira volta em Outubro, Milei estabeleceu uma aliança com os conservadores para aumentar o seu apoio. No entanto, enfrenta um congresso altamente fragmentado. A realidade pode suavizar algumas das suas propostas mais radicais. Os apoiantes acreditam, no entanto, que apenas Milei pode erradicar o status quo político e a marasmo económico que se vive na Argentina.
A vitória de Milei também tem o potencial de abalar o cenário político e económico da Argentina no panorama global. O novo Presidente da Argentina criticou a China e o Brasil, afirmando que não lidará com “comunistas”, e quer laços mais fortes com os Estados Unidos.
Durante a campanha, o Presidente eleito havia recebido apoio de sete ex-chefes de Estado de países latino-americanos, assim como do prémio Nobel da Literatura, Mario Vargas Llosa, e do ex-chefe de Governo espanhol Mariano Rajoy, que se uniram contra a continuidade de “um modelo económico corporativo fracassado”.