Autoridades sauditas acusadas de matar à queima-roupa migrantes etíopes

Guardas fronteiriços da Arábia Saudita são acusados de terem matado centenas de migrantes, a maioria etíopes, que tentavam entrar ilegalmente no país pela fronteira do Iémen. A denúncia foi feita pela ONG Human Rights Watch (HRW), segundo a qual “estes assassinatos, que parecem continuar, configuram aspectos que podem ser considerados crimes contra a humanidade.”

O relatório de 73 páginas, hoje, dia 22 de Agosto, divulgado pela organização, refere que os militares habitualmente disparam tiros de metralhadores e explosivos contra grupos de migrantes desarmados, inclusive mulheres e crianças. A violência foi registada em diversas ocasiões, entre Março de 2022 e Junho de 2023.

“Em alguns casos, os guardas sauditas perguntaram aos migrantes em que membro devem atirar e, em seguida, disparam à queima-roupa. Os guardas também dispararam armas explosivas contra migrantes que tentavam fugir de volta para o Iémen”, adianta o documento.

A denúncia foi formulada com base numa investigação da ONG, que entrevistou 42 pessoas, incluindo 38 migrantes etíopes e requerentes de asilo que tentaram cruzar a fronteira no período relatado. Vídeos e fotos publicados nas redes sociais também foram usados para robustecer os relatos.

Há indícios de que, desde 2014, crimes isolados ocorrem na fronteira. Porém, nos últimos meses, a incidência aumentou bastante, e o assassinato de migrantes e requerentes de asilo tornou-se uma prática habitual.

“As autoridades sauditas estão a matar centenas de migrantes e requerentes de asilo nesta remota área de fronteira fora das atenções do resto do mundo”, disse Nadia Hardman, investigadora de direitos dos migrantes na HRW. “Gastar biliões no compra de jogadores de futebol clubes e organizar grandes eventos de entretenimento para melhorar a imagem não deve desviar a atenção desses crimes horrendos.”

Actualmente existem cerca de 750 mil etíopes na Arábia Saudita. A maioria chegou ao país à procura de melhores condições de vida, enquanto outros fugiram da Etiópia devido aos graves abusos de direitos humanos no seu país.

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