Aumento de preços dos bens essenciais torna impopular a junta da Guiné-Conacri

O Governo da República da Guiné (Conacri) aumentou recentemente o custo de importação de produtos alimentares básicos, o que levou a um aumento de preços sem precedentes nos mercados de todo o país.

A subida dos preços de produtos como o arroz, o óleo, a farinha e o açúcar, apanhou de surpresa a população. À Deutsche Welle, Mabinty Bangoura, funcionária pública, culpa a junta militar – que lidera o país desde 2021 – pela actual subida de preços.

“Actualmente, a vida na Guiné-Conacri é muito cara, as autoridades aumentaram voluntariamente o preço do saco de arroz, só para nos dificultar a vida. Não estou a acusar ninguém, mas sim o Governo que é incapaz de salvar o seu povo. O preço de todos os bens aumentou, e apenas a um mês do Ramadão”, refere Bangoura.

O Executivo justifica que o aumento do preço do arroz se deve ao aumento do preço do produto na Índia. No entanto, para o activista Mory Kaba, as explicações do Executivo são alarmantes e inaceitáveis. “As razões, para nós, não são válidas. Será que a Guiné-Conacri é o único país que está a importar arroz da Índia? Porque é que a Costa do Marfim, o Mali e a Nigéria não aumentaram o preço do arroz? Na nossa análise, o governo acordou com importadores para fazer sofrer a população, mas não vamos aceitar isso.”

Na semana passada, o Ministério do Comércio assinou um acordo com os importadores para que sejam mantidos os preços dos géneros alimentícios, enquanto foram feitas campanha de sensibilização nos mercados de todo o país, no sentido de os preços serem respeitados.

A Ministra do Comércio, Loupou Lamah, lançou um aviso a quem for apanhado a violar os acordos. “Pedimos à comunidade empresarial que se certifique de que assinatura do acordo é respeitado. Existe uma linha direta para denunciar todas as más práticas, quer a retenção de mercadorias ou o aumento injustificado de preços, contrariando os preços fixados pelo governo. Pedimos a todos que nos informem atempadamente e os culpados serão responsabilizados.”

O economista Mohamed Camara, citado pela DW, alertou para a necessidade urgente de haver um aumento da produção local.

“A classe baixa gasta muito do seu dinheiro em comida, por isso, se o preço aumentar, será afectada directamente. Há o risco de a Guiné-Conacri acabar por enfrentar uma inflação elevada se nada for feito para aumentar a utilização de produtos locais em vez de importados.”

Cidadãos e especialistas acreditam que a solução do problema passa pela adopção, por parte do governo, de políticas fiscais que favoreçam o cidadão comum.

Além disso, embora as políticas da junta militar possam ter contribuído para o aumento dos preços, é impossível ignorar problemas pré-existentes e influências externas.

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