Argélia e Rússia estreitam laços militares

Os laços militares entre a Argélia e a Rússia têm conhecido um crescente reforço nos últimos tempos. Em Novembro próximo, a Rússia participará num exercício militar conjunto com o exército argelino que pela primeira vez terá lugar em solo deste país do Magreb.

“Escudo do Deserto” é um exercício militar táctico que reúne para-quedistas russos e argelinos, e será realizado na 3ª região militar, em Hammaguir, (Sudoeste do país). A primeira manobra conjunta a ter lugar em território argelino, segue-se ao exercício de Outubro de 2021, que teve lugar na Ossétia do Norte, na Federação Russa.

Hammaguir é um lugar altamente simbólico, a curta distância da fronteira marroquina, tendo o local permanecido sob controlo francês até 1967, vários anos após a independência da Argélia, que teve lugar em 1962. Ao abrigo dos acordos de Evian (1962), a França tinha instalado ali o seu centro de investigação e desenvolvimento de mísseis e foguetes. A partir desta base foram lançados cerca de 271 mísseis, incluindo os mísseis Jericho, desenvolvidos por Israel e pela empresa francesa Générale Aéronautique Marcel Dassault (GAMD) a partir de 1963.

O exercício russo-argelino terá como cenário a localização, cerco e neutralização de um grande grupo de terroristas num ambiente desértico. Durante o exercício anterior na Ossétia do Norte, os dois exércitos compararam as suas experiências no campo da contra-insurreição e do contra-terrorismo em ambientes montanhosos e florestais. Cerca de 100 para-quedistas russos participarão no exercício de Novembro.

A Argélia é tradicionalmente relutante a convidar forças estrangeiras para o seu solo para exercícios envolvendo o seu exército e força aérea. No entanto, a sua marinha participa regularmente nessa formação com os exércitos dos estados mediterrânicos.

A aproximação táctica à Rússia teve início em 2017, com a primeira participação do Exército Popular Nacional (ANP) nos jogos militares (Jogos do Exército) que Moscovo organiza todos os anos. O sucesso desta participação convenceu a ANP a enviar mais homens e a organizar parte dos concursos em 2021, uma estreia em África.

 

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