Agenda 2063 da UNECA comprometida por falta de recursos financeiros

A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) fez saber, no último sábado, dia 15, que “não houve mobilização de recursos” para a primeira década (que terminou) de implementação da Agenda 2063, um plano de acção que visa desenvolver África.

Na resposta a uma pergunta de Moçambique sobre a mobilização de recursos para a segunda década do plano de acção, que vai até 2034, a directora do Departamento de Coerência dos Sistemas e Garantia de Qualidade da UNECA, Josephine Marealle Ulimwengu, afirmou que “a orçamentação do plano de implementação dos primeiros dez anos não foi concretizada.”

Na parte das perguntas e respostas durante a conferência dos ministros das Finanças africanos, em Adis Abeba (Etiópia), a responsável explicou que, para a segunda década de implementação, já há um plano de acção com o respectivo envelope orçamental, ainda que parcial.

“As necessidades de financiamento para a segunda década são de 8,9 mil milhões de dólares, havendo um défice de 3,3 mil milhões de dólares. A UNECA e os parceiros estão a lançar um fundo de desenvolvimento que será usado como recurso estratégico para mobilizar recursos para o financiamento em falta.”

Ulimwengu destacou que o estudo de viabilidade e a estratégia de desenvolvimento do fundo serão apresentados durante a cimeira intercalar de coordenação, que deverá acontecer ainda este ano.

Recorde-se que a Agenda 2063 foi aprovada em 2013, com o título “A África Que Queremos”, e apresentada como “o projecto e o plano director para transformar África na potência mundial do futuro”, segundo a União Africana (UA).

Esta agenda, que transpõe os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), “é o quadro estratégico do continente que visa concretizar a sua meta de desenvolvimento inclusivo e sustentável e é uma manifestação concreta do impulso pan-africano para a unidade, a autodeterminação e a liberdade.”

A conferência dos ministros africanos das Finanças deste ano é dedicada ao acordo sobre a Zona Africana de Comércio Livre Continental (AfCFTA, na sigla em inglês), lançado em 2018 e aprovado um ano depois.

O acordo entrou em vigor no princípio de 2021, abrange um mercado com mais de 1,3 mil milhões de consumidores e tem potencial para aumentar o crescimento do comércio em, pelo menos, 53% e duplicar o comércio intra-africano, retirando 30 milhões de africanos da pobreza extrema e aumentando os rendimentos de quase 68 milhões de outros.

As exportações intra-africanas representam cerca de 16% do comércio externo dos países africanos, em comparação com 55% na Ásia, 49% na América do Norte e 63% na União Europeia.

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