Agência Moody’s melhora perspectiva de evolução da AFC
A agência de notação financeira Moody’s melhorou, quinta-feira, dia 26, a perspectiva de evolução da Corporação Financeira Africana (AFC, sigla em inglês), detida pelos Estados africanos, mantendo o rating em A3, argumentando que será possível manter ou melhorar a alavancagem dos activos.
“A mudança na perspetiva de evolução, de negativa para estável, é alicerçada na nossa expectativa de que a AFC vai ser capaz de manter ou melhorar a alavancagem e que o histórico de desempenho dos activos vai ser preservado”, escrevem os analistas na análise que acompanha a nota que dá conta da decisão de manter o rating desta instituição financeira de desenvolvimento cujos accionistas são os Estados africanos, e que lidera o consórcio do Corredor do Lobito, entre Angola e Zâmbia.
“A melhoria das perspectivas de alavancagem em comparação com a tendência até 2021 reflecte a forte estratégia de angariação de capitais próprios da instituição”, acrescenta a Moody’s, sublinhando que “o banco excedeu o seu objectivo de mil milhões de dólares entre 2019 e 2023 e pretende continuar a aumentar o capital próprio entre 2024 e 2028.”
A redução do rácio de entrega de dividendos desde 2023 vai fazer com que a AFC possa “reter uma parte mais elevada dos lucros e a aumentar a base de capital de forma orgânica no futuro”, mesmo trabalhando em países cuja notação financeira está muito abaixo do rating atribuído a esta instituição multilateral de financiamento.
Activos resilientes
“Apesar do aumento do risco-país em vários dos países onde a AFC opera no ano passado, o desempenho dos activos tem-se revelado resiliente, num contexto de protecção eficaz do crédito”, sublinham os analistas da Moody’s.
Na nota, a agência de notação financeira escreve ainda que a decisão de manter o rating em A3, confortavelmente acima da linha de recomendação de investimento, “reflecte a adesão da empresa às suas diretrizes prudenciais para salvaguardar a força financeira intrínseca da instituição, com base numa sólida adequação de capital e em amortecedores de liquidez de alta qualidade, proporcionais aos investimentos de capital e às exposições do sector privado em áreas de elevado risco do país.”
A manutenção do rating, por seu lado, explica-se também pela “fraca base de apoio” dos accionistas, os países africanos, que têm ratings mais fracos e não seriam capazes de fornecer capital à AFC caso fosse necessário, principalmente tendo em conta que o Banco da Nigéria, com 39% do capital subscrito, e as instituições financeiras nigerianas, com mais 41%, representam a maior fatia dos accionistas da AFC.
Corredor do Lobito entre os principais projectos
A AFC foi criada em 2007 pelos países africanos para garantir “soluções pragmáticas para o défice de infraestruturas em África para o ambiente operacional desafiante”, de acordo com o site, que dá conta que desde então já foram investidos 13 mil milhões de dólares, em projectos em 36 países, entre os quais estão os lusófonos Angola, Cabo Verde e Moçambique.
Num comunicado enviado à agência Lusa no seguimento do anúncio da Moody’s, a AFC salienta que a manutenção do rating “é crucial para a AFC continuar a alavancar o seu rating e assim garantir os mais baixos custos de endividamento de qualquer instituição em África, para projectos transformadores em energia, recursos naturais, transportes e tecnologia que garantem uma rápida industrialização e a criação de emprego no continente”.
Entre estes projectos estão a primeira central eólica do Djibuti, na zona do chamado Corno de África, e a liderança do consórcio do Corredor do Lobito, entre Angola e Zâmbia, cujo acordo de concessão foi esta semana assinado em Nova Iorque.
“Num contexto de condições financeiras e macroeconómicas globais desafiante, estamos muito contentes por receber este forte apoio da Moody’s, uma alavanca chave no nosso acesso aos mercados globais de capital; isto reforça a nossa posição como um parceiro resiliente e confiável para um futuro mais próspero em África e um aliado indispensável na urgente mobilização de capital para construir a infraestrutura que integra África e permite a sua industrialização”, comentou o presidente da AFC, Samaila Zubairu, citado no comunicado.