África do Sul não irá retaliar tarifas anunciadas por Trump para este país

A África do Sul não tem planos imediatos para retaliar contra os Estados Unidos da América (EUA) por causa das tarifas anunciadas pelo Presidente Donald Trump e, em vez disso, procurará negociar isenções e acordos de quotas, avançaram funcionários do Governo na última sexta-feira, dia 4, à agência Reuters.
Refira-se que Trump impôs uma tarifa de 31% sobre as importações norte-americanas da África do Sul na quarta-feira, quando anunciou uma taxa de base de 10% sobre todas as importações e direitos mais altos direccionados a dezenas de países.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial bilateral da África do Sul, depois da China.
A nação mais industrializada de África já afirmou anteriormente que pretende chegar a um acordo comercial bilateral com a equipa de Trump. No entanto, isso parece ser uma tarefa difícil, depois dos repetidos ataques do Presidente norte-americano ao país africano desde o seu regresso à Casa Branca em Janeiro.
“Dizer que vamos impor tarifas recíprocas sem primeiro entender como os EUA chegaram a 31% seria negativo”, afirmou o ministro do Comércio, Parks Tau, numa conferência de imprensa, destacando que a taxa média da África do Sul sobre as importações era de 7,6%.
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ronald Lamola, afirmou que as tarifas de Trump anularam efectivamente os benefícios que os países africanos tinham usufruído ao abrigo da Lei de Crescimento e Oportunidades para África.
A iniciativa AGOA, que concede às nações africanas elegíveis acesso isento de direitos ao mercado dos EUA, deverá expirar em Setembro. E as tarifas de grande alcance impostas por Trump sugerem que uma renovação do acordo comercial promulgado em 2000 é agora improvável.
Necessidade de diversificar mercados de exportação
As acções dos Estados Unidos sublinharam a necessidade de a África do Sul acelerar os esforços para diversificar os seus mercados de exportação, sublinharam os ministros, mencionando Ásia e Médio Oriente como potenciais oportunidades.
Entretanto, afirmaram que o Estado procurará apoiar as indústrias mais afectadas pelas tarifas, incluindo o fabrico de automóveis, a agricultura, os alimentos transformados e os metais: “O Governo não retirará os benefícios de que os fabricantes de veículos dos EUA beneficiam ao abrigo do seu Programa de Desenvolvimento da Produção Automóvel, um regime de incentivos à produção”, afirmou Tau.
O Tesouro Nacional da África do Sul estima que a perda do estatuto AGOA poderá reduzir o crescimento económico em menos de 0,1 pontos percentuais. O banco central modelou vários cenários relacionados com o acesso do país aos mercados dos EUA, com os impactos a variarem entre menos de 0,1% e 0,7%, dependendo da gravidade das barreiras comerciais e da forma como o sentimento do mercado financeiro é afectado.
As últimas tarifas de Trump vêm juntar-se aos 25% impostos a todos os veículos e peças de automóveis importados para os EUA. Trata-se de uma ameaça particular para a África do Sul, que exporta mais de 2 mil milhões de dólares por ano em veículos e peças de automóveis para aquele país.