AFC defende desenvolvimento de África com fundos do continente

A Corporação Financeira Africana (AFC, sigla em inglês) acredita que pode acelerar a mobilização do capital proveniente dos fundos de pensões africanos e de investidores institucionais locais. O director-executivo da organização, Samaila Zubairu, afirmou, citado pela publicação ‘Engineering News’, que, a longo prazo, até 20 mil milhões de dólares poderão ser mobilizados para financiar projectos dentro de África.
A AFC está a intensificar os esforços para mobilizar capital do continente, com o objectivo de atrair investidores do Médio Oriente e da Ásia. Numa altura em que os países em desenvolvimento enfrentam mudanças geopolíticas e a diminuição do financiamento externo, a corporação procura alternativas locais para garantir novos investimentos. Zubairu destacou que este esforço visa criar uma autonomia financeira para o continente, sem depender exclusivamente de fontes externas.
Para este responsável a instituição está preparada para lidar com um cenário em que os Estados Unidos da América e a Europa reduzam a sua ajuda financeira e se concentram nas suas questões internas. “A única coisa que queremos mudar é tornar o capital nacional mais disponível para investimento no continente”, afirmou, sublinhando ser necessário criar um ambiente mais favorável para os investimentos internos.
A redução do financiamento da ajuda externa tem sido uma realidade crescente, impulsionada pela agenda “America First” do Presidente norte-americano Donald Trump e pelos cortes de ajuda de outros países europeus. O Reino Unido, por exemplo, tem redireccionado os seus recursos para o aumento dos gastos com a defesa, deixando um vazio nos investimentos destinados ao continente africano, o que torna ainda mais urgente a necessidade de encontrar soluções alternativas.
Zubairu explicou que a AFC tem aumentado a colaboração com outros financiadores e lançou o projecto-piloto InfraCredit para apoiar investimentos em infra-estruturas vitais, com garantias do fundo soberano da Nigéria. Este modelo visa reforçar a confiança e a segurança dos investidores ao garantir uma base sólida para os projectos africanos.
Angola poderá seguir exemplo da Nigéria
O projecto InfraCredit já mobilizou aproximadamente 152 milhões de dólares, com investimentos de 21 fundos de pensões que, até agora, investiam principalmente em dívida pública. A AFC espera expandir esse modelo para países como Botswana, Angola e Quénia, afirmando que programas semelhantes podem desbloquear grandes volumes de dinheiro. A ideia é criar um ciclo de investimentos que favoreça o crescimento económico sustentável no continente africano.
A longo prazo, Zubairu defende que os países africanos devem repensar a utilização das suas reservas. “Como estamos a utilizar as nossas poupanças? Como é que estamos a garantir que as nossas poupanças funcionam para as nossas economias?”, questionou o responsável, destacando que os Governos devem ser mais intencionais na forma como capitalizam as suas instituições financeiras para promover o desenvolvimento.