Acelera-se o êxodo de estrangeiros do Sudão

Nos últimos dias, vários países têm se esforçado por evacuar o pessoal das suas embaixadas e os seus cidadãos por estrada, ar e mar do Sudão, devastado pelo caos, onde os combates entre o exército e os paramilitares fizeram já mais de 600 vítimas mortais.

Muitos dos evacuadas foram transportadas de avião de Cartum para Djibuti, Jordânia e Chipre. Outros dirigiram-se para Porto Sudão, a 850 km de distância, e depois embarcaram em navios para a Arábia Saudita ou dirigiram-se por estrada para o Egipto e a Etiópia.

Médio Oriente e África
A Arábia Saudita efectuou as primeiras evacuações em grande escala no sábado, dia 29, via marítima e, desde então, centenas de sauditas e pessoas de mais de 20 países chegaram à cidade portuária de Jeddah. Os Emirados Árabes Unidos (EAU) declararam ter evacuado os seus cidadãos para Porto Sudão e estavam a acolher pessoas de 19 outros países que tinham sido resgatadas. No domingo, dia 30, a Jordânia transportou, via aérea, cerca de 350 pessoas, incluindo palestinianos, iraquianos, sírios e alemães, para um aeroporto militar do reino e, na segunda-feira, anunciou a chegada de 20 jordanos num avião alemão. Mais de 50 libaneses e 105 líbios partiram num navio saudita. Na semana passada, as forças armadas egípcias evacuaram 177 soldados e, no domingo, informaram que 436 cidadãos tinham partido por terra. Pensa-se que mais de 10 000 egípcios vivem no Sudão. Mais de 200 marroquinos foram levados para Porto Sudão, em comboios de veículos organizados pela sua embaixada, informou Rabat na segunda-feira.

A Mauritânia deu conta de que 101 cidadãos chegaram a Porto Sudão. A Argélia, Tunísia e África do Sul também anunciaram operações de evacuação, enquanto o Chade informou que estava a enviar aviões para recolher 438 cidadãos de Porto Sudão. O Mali deu conta que 55 cidadãos tinham chegado à fronteira do Sudão com a Etiópia e que outro grupo de 14 pessoas estava a caminho. O Quénia, com cerca de 3 mil cidadãos residentes no Sudão, evacuou 19 quenianos, 19 somalis e um saudita. Aterraram em Nairobi na segunda-feira à noite.

Entretanto, a Nigéria planeia evacuar cerca de 3 mil pessoas, na sua maioria estudantes, de comboio para o Egipto esta semana, disse um funcionário na segunda-feira, dia 1. O Uganda evacuou mais de 200 pessoas em autocarros que atravessaram a Etiópia, informou o seu embaixador. A Costa do Marfim informou que 47 cidadãos foram transportados de autocarro de Cartum para o Cairo.

América do Norte
No domingo, helicópteros militares americanos recolheram cerca de 100 pessoas da sua embaixada em Cartum. O Canadá também retirou o seu pessoal da embaixada. Embora Washington tenha inicialmente avisado que era improvável qualquer esforço mais alargado para evacuar outros americanos nos próximos dias, o Pentágono disse na segunda-feira, dia 1, que funcionários seus estavam a analisar potenciais rotas terrestres para colocar compatriotas a salvo.

Europa
A Grã-Bretanha declarou, hoje, terça-feira dia 2, que tinha iniciado “uma evacuação em grande escala” dos seus cidadãos, na sequência de uma operação realizada no domingo para retirar o pessoal da embaixada. De acordo com o governo britânico, cerca de 4 mil britânicos com dupla nacionalidade e 400 com passaportes só do Reino Unido encontram-se no Sudão. O chefe da política externa da União Europeia (EU), Josep Borrell, disse na segunda-feira que 1 mil cidadãos da UE tinham sido evacuados.

Só a França retirou 538 pessoas, disse o presidente Emmanuel Macron na terça-feira, com os cidadãos franceses a constituírem cerca de um terço das pessoas. A Alemanha enviou aviões para transportar 400 pessoas. A Ucrânia disse na terça-feira que evacuou 138 pessoas, incluindo 87 dos seus próprios cidadãos, para o Egipto.

Os Países Baixos informaram que cerca de “100 cidadãos holandeses foram evacuados, metade dos quais em voos holandeses”, que também transportaram outras 70 pessoas, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros. A Itália evacuou cerca de 200 pessoas numa operação militar no domingo, resgatando todos os cidadãos italianos que “tinham pedido para sair” e outros, incluindo representantes do Vaticano.

Um avião militar espanhol com 100 passageiros, 30 dos quais espanhóis, partiu no domingo para Djibuti, informou Madrid. O primeiro grupo de 17 gregos chegou na terça-feira a Atenas num avião de transporte do exército via Djibuti, informou o Ministério da Defesa. Chipre disse que estava a explorar opções para resgatar cerca de 20 cidadãos retidos no Sudão. A Áustria, Bulgária, Hungria e Roménia informaram que os seus cidadãos foram evacuados com a ajuda de outros países. Na segunda-feira, cerca de 65 cidadãos desses países, quase metade dos quais austríacos, ainda aguardavam resgate.

Ásia
A China declarou esta segunda-feira ter “evacuado em segurança” um primeiro grupo de cidadãos. Estima-se que cerca de 1 500 chineses se encontravam no Sudão. Nova Deli afirmou, na segunda-feira, que “cerca de 500 indianos chegaram a Porto Sudão e mais estão a caminho”.

O Paquistão afirmou que um comboio transportando 211 dos seus cidadãos chegou a Porto Sudão na terça-feira, elevando o número total de paquistaneses evacuados para 700. Cerca de 1500 paquistaneses ainda se encontram no Sudão. O Japão evacuou 45 cidadãos, incluindo diplomatas, a bordo de um avião militar via Djibuti. Um avião que transportava 28 sul-coreanos chegou a Jeddah na segunda-feira, segundo um funcionário saudita.

A Indonésia informou que transferiu 538 dos seus cidadãos para Porto Sudão, devendo outros 289 viajar numa segunda fase. Trinta malaios chegaram a Porto Sudão na terça-feira. As Filipinas, com cerca de 700 cidadãos no Sudão, disseram na terça-feira que 50 tinham sido evacuados de Cartum e estavam a viajar por terra para o Egipto. “Faremos o que pudermos”, disse o funcionário dos negócios estrangeiros Eduardo de Vega.

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